Quem não atua no ramo do Direito pode até imaginar que a resposta ao título deste artigo seria: “ Advogados ganham bem, não?”. E se disséssemos que há advogados cobrando menos de R$ 50 para fazer uma audiência? A desvalorização que a profissão de advogado e advogada vem sofrendo é algo catastrófico. O poder aquisitivo de uma classe, referindo- se especialmente aos recém- formados, que não conseguem se sustentar “ só” com a profissão que lutaram para ter, é calamitosa. O sentimento que surge nos últimos anos é de abandono a colegas que tanto fazem e querem fazer pelos cidadãos que precisam ter seus direitos garantidos.
Quantos motoristas de aplicativos vocês já conheceram nos últimos anos que possuem uma graduação, mas que estão dirigindo para conseguir complementar a renda? Isso também vem acontecendo com os profissionais da advocacia. E o mais intrigante: por que esses profissionais não estão conseguindo vencer a crise financeira pela qual todo o país vive, atuando na sua profissão? A resposta é que uma instituição como a OAB não atuou para que retrocessos aos profissionais da advocacia fossem barrados, mesmo atingindo diretamente colegas que ela mesma deveria defender.
O contraditório é que, numa época em que as entidades que protegem suas classes estão fragilizadas, e até desacreditadas, a Ordem não ficou enfraquecida – ao menos financeiramente – como as demais. Ela é a primeira instituição a obrigar o advogado a pagar R$ 220 desde os primeiros dias após passar no exame, para poder trabalhar. E, sem permitir que o recémformado se coloque melhor no mercado de trabalho, já cobra uma anuidade aos novos advogados de quase R$ 500, uma das mais caras do Brasil. Depois, a anuidade vai progredindo até chegar a quase R$ 1 mil.
Esta classe realmente se sente representada por uma instituição que, anualmente, gera uma receita de mais de R$ 100 milhões somente na seccional do Rio Grande do Sul? A OAB precisa lutar pela defesa das prerrogativas dos advogados. E necessita, fundamentalmente, ter coragem para enfrentar o desrespeito cotidiano pelo qual todos os colegas passam enquanto profissionais do Direito. A OAB precisa ter posição: ao lado de todos os advogados e advogadas.