Por Ricardo Floriano de Souza, chefe de Autuação e Informações Processuais do TRE-RS
A reforma política de 2017 reduziu consideravelmente a propaganda eleitoral de rua, limitando a circulação e uso de carros de som e minitrios a certos eventos, como carreatas, caminhadas, passeatas e comícios. Esse fato não diminuiu a importância do jingle como meio de cativar corações e mentes de potenciais eleitores.
Quem não se lembra de ao menos uma música "chiclete" que ficou grudada na cabeça de forma involuntária e inconsciente? Os jingles publicitários são uma obra essencialmente sonora com o poder de sugerir imagens auditivas e ajudar ideias a pegar de uma forma descontraída. Institucionalizados pelo rádio, eles atualmente são uma ferramenta utilizada na televisão e no marketing digital para difundir uma publicidade em forma de música, geralmente simples e envolvente, fácil de cantar e de recordar. Apresentar informações repetidas vezes, exatamente como num jingle, é uma das mais conhecidas e eficientes estratégias de reforço utilizadas na publicidade.
A linguagem musical é uma ferramenta eficaz para aproximar o candidato do eleitorado por tornar a campanha menos explícita e apelativa. Por terem uma capacidade comunicativa e uma agilidade que outros formatos publicitários não têm, os jingles despertam a atenção e até mesmo a emoção do eleitorado, sintetizando a personalidade e, nos casos de reeleição, as principais realizações do candidato de forma mais persuasiva que textos impressos.
Apesar das relações entre música e política no Brasil serem antigas e estarem conectadas com canções de escárnio e paródia política, quando utilizados de forma propositiva e sem ataques a adversários, os jingles são recebidos de maneira muito mais positiva e válida pelos cidadãos, criando uma identificação emocional entre eleitor e candidato com alto potencial para influenciar o voto. Por essa razão, as estratégias publicitárias de campanha eleitoral nunca deixaram os jingles de lado.