Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
Um setembro marcado por fogo que ardeu a História e por lâmina de faca que vai influenciar nosso futuro. Incompetência e maldade! Como cidadão, é impossível não registrar uma reflexão. Afinal, o que está acontecendo em nosso país? Estamos no limite, a situação que aí está não se sustenta.
Muito jovem, fui professor da UFRGS e, de lá, saí por falta de tempo já que, como empresário, não conseguia compatibilizar as tarefas. Foram 10 anos frequentando uma organização pública como servidor, que sempre comparo com minhas atividades no setor privado. Em ambos setores, sempre encontrei uma maioria trabalhadora e responsável.
No entanto, devemos prestar atenção em que, hoje, dos 180 bilhões de reais que o país gasta em aposentadorias, a metade é para sustentar 1 milhão de funcionários que serviram o Estado, e a outra metade sustenta 37 milhões de brasileiros que não tiveram o bafejo da sorte de conseguir trabalhar como servidor público.
Creio que não há maior injustiça na face da Terra do que isto. Uma enorme anomalia defendida com unhas e dentes pelos fundamentalistas da igualdade, em completa contradição com seus princípios. E, aqui, uma avaliação: o que aconteceu no Museu Nacional mostra o nível de competência que se encontra no setor público, objeto de todas essas vantagens.
Interessante observar que, quando se é aprovado para trabalhar para o “rico” Estado brasileiro, tem-se, na prática, a garantia de um salário para toda a vida e uma aposentadoria integral até a morte. Não há demissões por incompetência. Trata-se de um fluxo financeiro assegurado e que, trazido a valor presente, é várias vezes superior ao salário (de mesmo montante mensal) pago na iniciativa privada – um salário garantido apenas pelos próximos 30 dias, já que o contrato pode ser interrompido entre as partes a qualquer momento. São dois pesos, duas medidas de pura desigualdade e enorme injustiça.
É indiscutível que esse sistema de privilégios não se sustenta. São os direitos para alguns subvencionados por todos os que produzem, a grande maioria. Por isso, a necessidade de reformas e de força na liderança para conduzi-las na procura de mais justiça para o desempenho de nossos filhos e netos num país que se conserte.