Inovar deixou, há tempos, de ser modismo ou opção. Empresas, governos e entidades necessitam, cada vez mais, de um ecossistema amigável para se desenvolver e, com isso, gerar prosperidade e bem-estar. Criar as condições para que isso aconteça não é uma missão apenas de um ente, mas de toda a sociedade nas suas dimensões individuais e coletivas.
Inspiradas por essa lógica, as três principais universidades gaúchas iniciaram um movimento inédito de convergência. UFRGS, PUCRS e Unisinos estão na linha de frente da Aliança para a Inovação, que teve ontem um momento fundamental em Porto Alegre. O desembarque na Capital do consultor e presidente da Associação Internacional de Parques Científicos e Tecnológicos, Josep Piqué, deu início a um novo capítulo desse esforço. Piqué, autoridade planetária em ambientes de inovação, auxiliará na formatação de um modelo sustentável e eficaz para Porto Alegre, sustentado nas histórias de sucesso de Barcelona, Medellín e Santa Catarina. A caminhada iniciada ontem terá um outro marco definitivo em novembro, quando está prevista a assinatura do Pacto pela Inovação.
Um dos primeiros e principais desafios nos próximos meses é vencer as barreiras do descrédito, erguidas pelas expectativas frustradas de iniciativas pretéritas. Desta vez, porém, as condições são bem mais favoráveis, a começar pela formatação plural dos protagonistas dessa união: academia, empresários, poder público e entidades representativas do tecido social e econômico estão se mobilizando, cientes da urgência da tomada de decisões inadiáveis na direção de um novo futuro para Porto Alegre. Cria-se assim um movimento mais amplo que, além das universidades, recebe ajuda e impulsos de uma ampla rede apartidária e colaborativa.
Tão importante quanto a iniciativa em si é a consciência de que a tarefa de recuperar a autoestima da capital dos gaúchos deve ser compartilhada. A violência, a perda de relevância no cenário nacional e a fuga de empresas e de talentos jogaram sombras sobre uma cidade que já foi sinônimo de vanguarda. Não resta dúvida de que temos em Porto Alegre todos os elementos para essa retomada, sendo necessário para tal a remoção das barreiras burocráticas e culturais.
Não é um desafio fácil, mas é factível, na medida em que seja compreendido e apoiado sem os ranços e o radicalismo que, infelizmente, ganharam espaço entre nós. Temos, mais uma vez, a oportunidade de inserir Porto Alegre em um novo cenário. Não há milagres. Há talento, trabalho e compreensão de que não podemos perder mais tempo.