Por Paula Cassol, advogada e coordenadora do Movimento Brasil Livre - RS
As mídias sociais concederam voz ao cidadão comum. Ora, quem tem voz, se manifesta; e o conteúdo da sua manifestação nem sempre é de feitio a agradar o establishment. Foi o que se acompanhou na censura imposta pelo Facebook a cerca de 300 contas, parte delas vinculadas ao Movimento Brasil Livre (MBL), acusadas de propagar fake news e de manipular o debate público.
Não é esta primeira vez que o Facebook censura a nascente direita brasileira. Trata-se de um fenômeno de longa data, e que só tem piorado com a terceirização da filtragem das fake news para agências ideologicamente engajadas, como Lupa e Aos Fatos. Tampouco estamos lidando, aqui, com uma perseguição local. Nos Estados Unidos, o patrulhamento promovido pelas empresas do Vale do Silício tornou-se pauta corrente do debate público, da qual tivemos uma amostra na acareação de Mark Zuckerberg no Congresso Americano. Diante do senador Ted Cruz, o fundador do Facebook revelou-se incapaz de definir "discurso de ódio", um dos principais motivos alegados para o bloqueio na rede. O sufoco do bilionário escancarou ao mundo o quanto de irracional e arbitrário há nos critérios da empresa.
A censura sofrida pelo MBL desta vez, contudo, tem um agravante: ocorre às vésperas da campanha eleitoral. Tudo aponta que as mídias sociais terão, nas eleições deste ano, um peso maior do que jamais tiveram. Nesse sentido, o episódio indica uma pretensão clara do Facebook em interferir nas eleições brasileiras, prejudicando os movimentos populares associados à renovação da política nacional. Inconformados com a eleição de Trump, para a qual receiam ter em parte contribuído, os globalistas do Vale do Silício voltam seus olhares agora para o restante do mundo, a fim de evitarem que a onda se alastre.
Se seus esforços serão recompensados, apenas as urnas o dirão. O que sabemos desde já é que, no que depender das diretrizes politicamente corretas do Facebook, a liberdade de expressão está bloqueada.