Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A crise brasileira mostra a deterioração das instituições públicas no cumprimento dos seus papéis e compromissos com a sociedade. No Executivo, houve a cassação da presidente, substituída por um vice envolto em acusações de corrupção que se estendem aos seus ministros. No Legislativo, temos inúmeros atores condenados ou processados por corrupção associados a empresas públicas e privadas.
O Brasil qualifica-se como o país mais corrupto do mundo. O Judiciário, com a operação Lava-Jato, estava sendo tido como o poder de maior credibilidade. Entretanto, essa imagem desgastou-se devido aos fatos negativos que têm se sucedido. A começar pelos “bate-bocas” televisados, evidenciando a postura parcial de ministros apegados a interpretações “ortográficas” das leis para desconsiderar os fatos e suas consequências sociais envolvidas naquilo sobre o que devem decidir. Muitas vezes, no vácuo do Legislativo, o Supremo tem legislado e formado jurisprudências monocráticas crescentes. Recentemente, tem interferido até nas decisões de gestão do Executivo e de empresas estatais, criando-se um ambiente de insegurança jurídica que é, hoje, um dos fatores que mais inibem o empreendedorismo, o desenvolvimento e o crescimento econômico do país.
A operação Lava-Jato tem incomodado a vaidade de alguns magistrados e a ideologia de outros, que concedem benefícios a corruptos cujas denúncias são insofismáveis. O fato mais lamentável ocorreu no último fim de semana, quando o juiz Rogério Favreto, militante do PT por 20 anos, aproveitando-se de um plantão, subjugou de forma monocrática uma decisão colegiada e ofendeu a sociedade ao tentar beneficiar um corrupto condenado, ícone da desmoralização do poder político brasileiro. Por questões de caráter ético, Favreto deveria ter se declarado impedido em todas as decisões que envolvem o PT e seus atores, preservando o princípio da imparcialidade. Neste mesmo viés, preocupa-nos o ministro Toffoli, que logo estará na presidência do STF e também é egresso de militância no PT. Fica evidente que a afirmação de que as instituições estão preservadas diante da crise está comprometida, pois elas têm se deteriorado de forma crescente e preocupante. Evidencia-se, cada vez mais, a escassez de lideranças inclusivistas para mobilizar a sociedade brasileira a empreender mudanças que reconstruam a credibilidade dos nossos poderes. É desesperador constatar que um “ficha suja” ainda é lembrado por muitos brasileiros como um eventual candidato. Quando iremos trilhar nossos caminhos visando ser um país com valores éticos e morais, desenvolvido com melhor qualidade de vida e igualdade social?