Fila, acies, row, línea, rangée, reihe, xiàn, não importa o país, sempre será desrespeito.
Saúde, salutem, health, salud, santé, gesundheit, jiànkãng, não importa a origem. A saúde sempre será um direito do cidadão, um dever do Estado.
Solução?
Como cidadão, professor e médico, acredito que exista solução.
A primeira medida: parar de fazer plano imediatista, caótico, que proporciona desperdício de dinheiro público em medidas equivocadas e propicia os "termos aditivos" da saúde, que nunca serão direcionados à saúde, mas àqueles que fazem os termos aditivos. Recurso financeiro distribuído de forma desorganizada não é sinônimo de saúde. A falta de planejamento gera fila.
A saúde deve ser um programa de Estado, e não de um governo. Planejar, estabelecer metas e resultados a longo prazo, isso fará desaparecer a fila.
A segunda medida: o hospital não é, e nunca deveria ter sido, o centro de atenção primária à saúde. O hospital deve servir para as especialidades, para a complexidade e para as emergências. Os hospitais hoje funcionam como estacionamento de ambulâncias, porque na maioria das vezes é mais barato ao gestor fazer o transporte de pacientes. O hospital será sempre o final e nunca o ponto inicial do tratamento. Ele deve responder a uma necessidade de especialidade médica ou de extrema urgência. Ontem, realizei uma cirurgia de plexo braquial no bloco cirúrgico e, na emergência, um resfriado estava sendo diagnosticado... O hospital possui uma estrutura cara e sofisticada. Não pode ser confundido com uma unidade básica de saúde. Esse erro de conceito faz a fila.
Fortalecer a medicina de família, aproximar o médico do paciente. Esse binômio deve ser indissociável. A atenção primária à saúde deve ser priorizada e valorizada e receber recursos de um governo que efetivamente se preocupe com a saúde da população. Esse é o melhor investimento, é o que mais dá retorno, porque atende às necessidades do cidadão na grande maioria das vezes. Os recursos investidos na prevenção, na atenção primária, nas unidades básicas de saúde serão os recursos mais bem investidos na saúde da população. Essa ação acabará com a fila.
A terceira medida: médicos e enfermeiros devem ser valorizados. Reconhecimento vem com planejamento de uma carreira. A interiorização dos médicos, tão falada por programas eleitoreiros, nunca será eficaz porque não conduz o médico ao interior, somente, infelizmente, dá votos àqueles que criam esses famigerados programas. Isso vai gerar fila, porque não haverá médicos.
O médico quer aplicar o que aprendeu na escola de medicina, mas precisa de condições mínimas de trabalho, segurança e estabilidade de um plano de carreira, como qualquer profissão.
O reconhecimento e condições dignas de trabalho para médicos e enfermeiros farão desaparecer a fila.
Relendo este texto me parece tão simples, mas não é. Por quê? Releia e os culpados pelo desrespeito virão à mente. Sinta-se à vontade para colocá-los na fila.