Por Giovani Simões de Sá, caminhoneiro, diretor-presidente do Sindicam-Rio Grande
Temos uma nação que, desde seus primórdios de existência, tem rodas como sustentáculo. Elas estão inseridas em nossa base, em nosso alicerce, em nossa estrutura. Somos um país de estradas de "rodagem", nossas veias são as estradas, as células do sangue são as rodas, tudo depende delas.
Quando falamos, genericamente, que o alimento que está na mesa do brasileiro depende das rodas, não nos referimos especificamente ao arroz e feijão. Estamos nos referindo ao alimento da nação, país Brasil. Estamos falando do escoamento das safras, dos calçados, do gás de cozinha, dos brinquedos que fazem a alegria das crianças, dos eletrônicos que fazem a alegria dos pais, do combustível que move este país, dos estudantes, das farmácias, das sementes... Para carregar um navio, dependemos das rodas. Para carregar o avião, dependemos das rodas. Para carregar os trens, que são o segmento da nossa logística, dependemos das rodas.
O transporte é, e por muitos anos ainda será, o meio de sustentação desta nação. É ele que carrega nossos sonhos, nossas necessidades, nossos prazeres, nosso orgulho, das mais diversas formas.
De forma alguma devemos ser os responsáveis por salvar o desfalque financeiro e patrimonial da Petrobras. Querem uma sugestão para tapar este rombo? É simples: capturem o que foi levado, e que a devolução seja corrigida com juros, correção e serviços forçados até o pagamento do último centavo.
Entretanto, nosso ICMS é um dos mais elevados do país. Então, alternativas existem para baixar o preço do combustível, como por exemplo a redução da taxação do ICMS, redução do pedágio, criação de incentivos para transportador autônomo, taxação da exportação do combustível em prol do consumidor nacional e incremento de cargas para os portos gaúchos.
Difícil acreditar em uma política nacional de combustível centrada no lucro. O combustível jamais poderia ser o fim, deveria ser o meio. Hoje, o governo trata o combustível como moeda de troca, financiador de prejuízos. Se o biodiesel surgiu como alternativa, assim como o álcool, por que então o governo não se preocupa em criar subsídios, incrementos, incentivos à produção, pesquisa e exploração? Perder a dependência do combustível fóssil, cortar as amarras do mercado internacional, posicionar-se diante do mundo como um país civilizado, preservando realmente seu quinhão do planeta, abandonando de vez esta maquiagem de defesa hipócrita do meio ambiente.
O Brasil tem espaço, centros de pesquisas e academias, com corpo técnico de primeira grandeza com inteligência suficiente para produzir combustíveis alternativos.
Importante destacar que a baixa do combustível traz benefícios a toda a sociedade brasileira. Quanto mais barato o transporte, mais baratos os bens de consumo.
Somos apenas uma faísca diante da gigantesca organização pensante que são os Ministérios federais. Não podemos acreditar que tudo isso que relatamos já não foi pensado e discutido nestas estruturas. Se isso foi feito, o resultado que temos é má-fé. Se não foi, fica a sugestão.