Do mais rudimentar produto até o equipamento tecnológico mais sofisticado, encontramos a marca do trabalho humano. Foi através do trabalho que colocamos em marcha o processo civilizatório. Hoje, o trabalho produz tanta riqueza, que todos podem usufruir de uma vida digna. No entanto, sob a égide do capital financeiro, a desigualdade volta aos padrões da Primeira Revolução Industrial.
Estamos à beira de uma quarta revolução tecnológica e os prognósticos indicam que em breve teremos uma multidão de "inadaptados". Acossados pela onda de desregulamentação que se espalha através de "reformas" nas legislações trabalhistas, os trabalhadores estão sendo instigados a formular saídas para um mundo que se apresenta hostil.
Este 1º de Maio é propício para refletirmos sobre o futuro do trabalho e dos trabalhadores. Quais as saídas para o desemprego? O que fazer com os jovens que não conseguem acessar o mercado de trabalho e como deter a sua precarização? É possível garantir o direito humano ao trabalho decente?
Não encontraremos respostas na nova ideologia do empreendedorismo ou na meritocracia, retóricas que colocam a cruz nos ombros dos trabalhadores. O nosso futuro dependerá da forma como resolveremos estruturalmente a questão do trabalho. Os atuais avanços tecnológicos e de ganhos de produtividade nos permitem pensar em uma redução de jornada para que mais pessoas tenham o direito de trabalhar.
É preciso adotar mecanismos que retardem a entrada de jovens no mundo do trabalho e que ampliem o seu tempo para a educação e o aperfeiçoamento profissional. Na outra ponta, a valorização de novas formas de ocupação, como incentivo a práticas de economia solidária, e um programa de renda mínima suficiente para sustentar uma vida digna também são propostas sugestivas que precisam ser levadas em conta.
Não são utopias, mas respostas a um problema que se agiganta a cada dia. São necessidades urgentes caso queiramos evitar a barbárie. A esse respeito, os versos do saudoso Gonzaguinha nos alertam: "A vida é trabalho, e sem o seu trabalho o homem não tem honra, e sem a sua honra, se morre, se mata".