Há 45 dias, os veículos da RBS iniciaram uma conversa sobre o futuro do trabalho. Ao longo desse período, foram compartilhadas 18 reportagens em jornal impresso, rádio, TV e site, com entrevistas exclusivas, artigos, vídeos e gráficos que apresentaram as implicações da presença de algoritmos no nosso dia a dia.
Da sociologia à ciência da computação, 15 estudiosos foram convidados a participar do debate escrevendo na seção de opinião. Além disso, uma parceria entre Tecnopuc e RBS reuniu especialistas e uma plateia formada por estudantes, estudiosos e profissionais em uma ampla reflexão. Alguns pontos geraram consenso. Outros, não.
A nuvem de palavras mostra essa diversidade a partir dos termos mais recorrentes nos textos. A série encerra-se nesta terça-feira (1º), mas o tema continuará no nosso foco de atenção. Na mesma velocidade em que promete facilitar a vida das pessoas, a maior presença da inteligência artificial acena com a extinção de milhões de postos de trabalho. Os robôs vão roubar nossos empregos? Essa é a pergunta recorrente. Especialistas ainda não chegaram a um acordo, mas há uma certeza: a transformação será veloz e profunda. Estudos apontam para o desaparecimento, ou mudanças radicais, da maioria das profissões já nos próximos 20 anos. A seguir, as principais conclusões da série:
Legiões de desocupados
Depois da agricultura e da indústria, o uso em larga escala de robôs, de algoritmos e de equipamentos dotados de inteligência artificial se dará com mais intensidade em atividades ligadas a comércio e serviços. No Brasil, o setor emprega quase 70% das dos trabalhadores. Carros que trafegam sozinhos, cirurgias a distância, sem o médico na sala, e lojas sem atendentes são alguns exemplos da realidade que já começa a fazer parte do nosso dia a dia.
Ricos a menos, pobres a mais
Concentração de renda é a grande preocupação das autoridades mundiais. Se, por um lado, o maior uso de inteligência artificial traz a promessa de ganhos expressivos de produtividade, também há ameaça da ampliação do fosso que separa os mais ricos dos mais pobres. Como evitar o empobrecimento da população que ficará sem trabalho é o desafio.
Adeus, rotina!
Profissões que envolvem unicamente a execução de tarefas burocráticas e repetitivas são aquelas que correm o maior risco de desaparecer no curto prazo. Como têm acesso a uma grande quantidade de livros e informações atualizadas, os robôs já conseguem hoje aplicar regras de um jeito melhor, mais rápido e mais barato do que qualquer humano. Em estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford, matemáticos calcularam que empregos como operador de telemarketing e caixa de supermercado têm 99% de probabilidade de desaparecer já na próxima década.
Criatividade é a chave
Profissões que exigem imaginação, estratégia e empatia são aquelas que têm mais chance de sobreviver às mudanças no mercado de trabalho. Em suma, sai na frente o profissional que possuir habilidades que não podem ser copiadas por um robô. Capacidade de comunicação clara, habilidade de fazer as perguntas certas, de reconhecer o problema atrás do problema e de olhar para uma questão sob diferentes perspectivas são algumas das competências que serão mais valorizadas.
Profissões que ainda não existem
Cerca de 65% dos alunos que estão iniciando o Ensino Fundamental trabalharão em ocupações hoje inexistentes. Essa foi a conclusão de um estudo apresentado na edição do Fórum Econômico Mundial deste ano. Especialista em negociação de sequestro de dados e cirurgião de memória são algumas das apostas. Em vez de atuar por décadas em uma mesma empresa, como acontecia até há pouco tempo, os profissionais se conectarão com empresas para solucionar problemas e logo irão para novos projetos.
Governos no escuro
Nenhum país sabe ao certo o que fazer caso se intensifique a substituição de trabalhadores por máquinas. A cobrança de tributos sobre salários representa atualmente uma boa parcela da arrecadação pública. Com milhões de pessoas sem emprego e renda, a procura por serviços de educação, saúde e segurança deve aumentar – o que pressiona ainda mais as despesas do Estado. Finlândia e Noruega estudam a implementação de uma renda básica universal para impedir o empobrecimento da população.
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