Após o novo massacre ocasionado por atirador nos Estados Unidos, os apressados de sempre puderam levantar-se contra as armas novamente, como se elas, sozinhas, fossem as culpadas. "Viram o que aconteceu lá? É preciso mais controle aqui! Temos de nos livrar totalmente das armas!", bradam, antes mesmo de dedicarem alguns segundos à percepção de que o tresloucado da vez agiu em uma zona livre de armas. Ora, se o tal controle funcionasse, a tragédia não teria ocorrido. Ademais, utilizam-se de um caso específico de um país cujas taxas de homicídios estão entre as menores do mundo, mesmo que sua população seja das maiores. Com mais de 300 milhões de habitantes, nos Estados Unidos morrem cinco habitantes para cada 100 mil; no Brasil, são 27. Por aqui, contamos mais de 60 mil assassinatos por ano; lá, mal se passa dos 15 mil.
Nós, cidadãos comuns, não temos como nos defender.
Cá entre nós, se eu fosse desarmamentista, um dos meus últimos argumentos seria o hábito americano de armar-se. Aqui temos o equivalente a dez – dez! – massacres da Flórida por dia e uma taxa de homicídio 540% maior do que a americana. Está claro que uma nação com 150 milhões de pessoas armadas é muito mais segura (540% mais segura...) do que a nossa, com aproximadamente 200 milhões de desarmados. Porém, embora a realidade brasileira e a americana sejam tão distintas, há algo que seus diferentes problemas de segurança ensinam e levam qualquer mente sensata a concluir: políticas desarmamentistas e quaisquer regramentos não são respeitados por bandidos.
Graças ao Estatuto do Desarmamento, ante uma população desarmada e um Estado ineficiente, os assaltantes, traficantes, sequestradores e assassinos têm trânsito livre para agir, beneficiados pelo contrabando de armas que corre solto em nossas desprotegidas fronteiras. Enquanto nós, cidadãos comuns, não temos como nos defender, políticos, artistas e celebridades desarmamentistas correm o Brasil para levantar bem alto a bandeira da hipocrisia, em jatinhos e blindados, protegidos por seguranças armados. Desde 2005, quando o governo Lula ignorou o referendo em que 65% dos brasileiros disseram "não" ao desarmamento da população, cada vez mais inocentes morrem nas mãos de criminosos perversos, que fazem da covardia sua profissão e não leem estatutos.