Neste início de ano, vem das duas Coreias (do Norte e do Sul), mais um surpreendente exemplo da força do esporte na pacificação do mundo. Há décadas envolvidos em forte tensão nuclear, agravada nos últimos meses, os dois países voltaram a restabelecer o diálogo em função dos Jogos Olímpicos de Inverno, em fevereiro. Na África do Sul, o esporte foi uma arma eficiente usada por Nelson Mandela para unir brancos e negros, historicamente divididos por diferenças étnicas. Sem dúvida falamos de uma ferramenta valiosa para transcender barreiras geográficas, culturais e até políticas.
O Brasil tem enorme potencial para adotar o esporte como instrumento de incentivo à formação de nossos jovens, que precisam com urgência de mais oportunidades. Ao ocupar o tempo com algo saudável e motivador, o esportista busca foco, fica longe das drogas, desenvolve a disciplina e o dever cívico e, ainda, trilha o tão desejado caminho da formação de lideranças mais qualificadas, algo que o país precisa muito para alcançar um desenvolvimento mais próspero. O esporte contribui em muito para competências essenciais em nosso tempo, como senso ético, integridade, autonomia para tomar decisões e capacidade de trabalhar de forma eficiente em equipe. Valores esses que tanto sentimos falta naqueles que nos representam.
Infelizmente, não há uma política estruturada voltada ao setor que possa servir de referência, apesar do estímulo deixado pela recente realização dos Jogos Olímpicos no Rio. Fica, portanto, a cargo das famílias exigir mais das escolas e de seus municípios. Como o esporte precisa entrar cedo na vida das crianças, as escolas e as famílias devem liderar ações nas comunidades e com os próprios filhos, para que a prática esportiva ganhe efetiva importância na vida deles. Os jovens não podem ser deixados à deriva num ambiente de crescente violência e vulnerabilidade. O jeito é sair da posição contemplativa e tomar atitudes que levem à ocupação do tempo da nossa juventude com o esporte e outras atividades práticas para resgatar os conceitos que diferenciem o bem do mal, o ético do imoral, o certo do errado. O real valor do esporte terá o tamanho da relevância que dermos a ele. E o que estamos fazendo por isso?