Chris Martin não é um cientista de dados ou especialista em administração. Também não é um guru em marketing e tampouco um gênio das startups. Não escreveu nenhum livro, não deu palestra no SXSW e nem aparece nos fóruns da HSM. Chris Martin é, apenas, o vocalista de uma banda pop. E é assim, com um microfone e um público na mão, que ele e sua banda nos ensinam qual deve ser o verdadeiro papel da tecnologia no mundo moderno.
O Coldplay, a banda de Chris Martin, fez um show memorável em Porto Alegre. Por muito tempo você ainda vai ver fotos e vídeos mostrando o mais bonito, pirotécnico e energizante espetáculo da atualidade. As pessoas estão encantadas porque tecnologia e emoção são uma dupla imbatível. É dessa união que nasce a melhor experiência. Mas – eis a lição – eles sabem que o show NÃO É a tecnologia. O Coldplay coloca a tecnologia onde ela tem que estar: a serviço da beleza, da emoção, do conteúdo. Tudo é altamente tecnológico, claro, mas Chris Martin sabe que estrutura e equipamentos não são nada sem criatividade, sem ideia, sem encanto. Tecnologia não é nada sem alma. O show, ensaiado mil vezes, não tem nada de robotizado, mecânico, encapsulado. E a vida também não é assim, não deve ser assim, não se consegue que seja assim – apesar de tudo que lemos e ouvimos de gurus de marketing, propaganda, big data, futurismo e afins, tentando aprisionar a magia do inusitado em regras e tendências pré-definidas. Com o Coldplay é tudo caloroso, humano, visceral – e inesquecível. Eles não apenas mostram: nos fazem sentir. Com uma ideia simples, as “xylobands”, pulseiras que piscam e mudam de cor em sincronia com o que cada música pede, a banda inclui todo mundo na composição visual única e impressionante, e que só ganha sentido quando todos participam. É uma ação colaborativa ao vivo e em cores. É a tecnologia sendo usada para incluir, e não para distanciar. É o consumidor no centro, é a tal integração levada a sério, é o público sendo protagonista de verdade. E é claro que dá muito mais vontade de dançar e cantar quando você faz parte do espetáculo não apenas porque pagou o ingresso.
Em um mundo cada vez mais digital e tecnológico, Chris Martin compreende, como poucos, a força da estética e o do design: quando seu cérebro quer falar da tecnologia, os seus olhos e o seu coração mandam ele calar a boca.