Foi uma sensação estranha estar em uma nação ultradesenvolvida por razões profissionais e saber pelos amigos brasileiros que o debate daquele momento no Brasil era sobre os limites da arte no que diz respeito ao nu.
Parei para pensar que o Brasil é um dos países mais desiguais, onde metade da população não tem esgoto encanado. Essa mesma metade paga mais imposto do que o topo da pirâmide.
Somos um dos piores países nos rankings de educação, o que nos faz praticamente não comercializar valor agregado com o resto do mundo e nos condena a mais algumas décadas de estagnação.
Um lugar onde os índices de violência são comparáveis a guerras. Onde há territórios inteiros dominados por grandes facções que têm no tráfico de drogas seu principal negócio e possuem relações em todos os Poderes.
Temos um governo sem legitimidade impondo reformas irresponsáveis. Pesquisas eleitorais lideradas por projetos políticos que tendem a guinadas autoritárias.
Sempre que focamos em assuntos menos importantes do que esses, significa que estamos sendo manipulados por alguém que quer desviar nosso foco.
E isso custa muito caro para o país. Então, por favor, vamos falar do que realmente importa? Que interesses, afinal, movem esses grupelhos políticos que agitam esse tipo de pauta inútil?
A propósito, aqui na Noruega, o tema que dominou a eleição foi a contradição entre explorar petróleo no Ártico e ser um grande financiador dos esforços globais para conter as mudanças climáticas. Perceba: mesmo quem há tempo resolveu o básico tem coisa mais importante para debater.