Warren Buffet disse uma vez: “fizemos uma reunião aqui com a nossa diretoria sobre a crise e decidimos não participar dela”. Parece que também foi isto que muitos empresários brasileiros fizeram neste ano. Vem da irresignação do empresariado nacional a sensação de que a economia descolou da política. Porque não restou outra solução que não fosse tocar em frente seu negócio, com foco, crença e coragem. Como diz o ditado: tá com medo? Vai com medo mesmo. E assim o país, aos poucos, vai remando para longe das pedras, ainda que tenha de seguir a correnteza dos acontecimentos políticos.
Pena que esta postura ainda não esteja sendo vista na publicidade. Nestas áreas, ainda estamos receosos. O potencial de empresas anunciantes que o Brasil tem é muito maior do que o praticado atualmente. E a capacidade do marketing e da propaganda de tirarem uma empresa do marasmo e da crise é incomparável – quando bem feitos. Não é preciso sair da crise para fazer investimentos em propaganda. É, justamente, o contrário: é preciso fazer investimentos em propaganda para sair da crise. Porque, numa relação de causa e efeito, a publicidade melhora a economia e o país. Porque marca é valor, valor é preço, preço é lucro, lucro é emprego, emprego é imposto e imposto é mais investimentos. A propaganda é a indústria que faz as outras indústrias girarem.
Ouço empresários alegarem que sua verba é pequena, por isso não acreditam em marketing. Ora, sua verba é pequena justamente porque não acreditam em marketing. “Eu não tenho verba” é do século passado, quando só existia a TV para ultrapassar fronteiras. E o que importa não é a ferramenta, mas a mentalidade. Falamos tanto do Vale do Silício, mas não praticamos sua lição básica de empreendedorismo: lá, as marcas já nascem com destemor. Qualquer empresa de garagem quer ser mundial e inovadora na largada. Afinal, sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno, mas a recompensa é muito maior. E assim são lançadas empresas, produtos e ideias que nascem gigantes no conceito e na alma.
O que falta no Brasil e no Rio Grande para termos grandes marcas não é verba, é crença. Crença no poder da comunicação, na força de um sonho grande, crença de que um conceito forte faz uma empresa forte. Crença de que não basta fazer bem feito, é preciso propagar para o maior número de pessoas possível. Porque quanto mais gente souber o que você faz e produz, mais gente vai comprar.
Para tudo isso, o essencial, ainda mais em tempos bicudos, é decidir não participar da crise e nem do apequenamento da empresa. E isto requer coragem. Porque dos covardes a história não fala.