Anos atrás, li uma fábula sobre um homem que passava por uma praia quando algo chamou sua atenção: havia um pescador vendendo caranguejos que ficavam em dois baldes, um com tampa e outro sem. Admirado com aquela situação, perguntou: "Diga-me, por que há dois baldes, sendo que um tem tampa e o outro não?". O pescador respondeu: "Ora, os do balde com tampa são os colaboradores, não brigam e formam uma corrente para escaparem. Se não coloco a tampa, um auxilia o outro a sair e, assim, conseguem fugir!".
Intrigado, questionou, então, quem seriam os outros caranguejos, já que, mesmo sem tampa, não os via escapando. O pescador disse: "Estes são os competidores, brigam o tempo todo e, a cada vez que algum deles está quase conseguindo escapar, os outros o puxam para baixo. Não há necessidade de colocar tampa no balde, já que eles nunca escaparão!".
Talvez, infelizmente, essa metáfora caia como uma luva para descrever comportamentos de alguns parlamentares na Assembleia Legislativa. O Estado, após sucessivos e irresponsáveis aumentos de despesas acima da arrecadação e atravessando a desastrosa crise dos últimos anos _ ocasionada por equívocos na política econômica nacional que fez despencar a receita _, quebrou.
Apostam no "quanto pior, melhor" e não prejudicam apenas o governador, os deputados e os partidos que apoiam o governo
O governo Sartori, na ânsia de equilibrar as finanças públicas, enviou uma série de propostas à Assembleia, muitas das quais a oposição, utilizando-se do instrumento regimental que possibilita a três bancadas barrarem qualquer votação, não permitiu sequer que fossem apreciadas em plenário.
Agora, tais como caranguejos do balde sem tampa, não querem permitir a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal, o que nos faria atingir o equilíbrio financeiro e o consequente retorno dos pagamentos em dia. Ao colocarem suas ideologias e divergências partidárias acima do interesse público, apostam no "quanto pior, melhor" e não prejudicam apenas o governador, os deputados e os partidos que apoiam o governo, mas, sim, 100% dos gaúchos que necessitam de um Estado equilibrado financeiramente, enxuto e que preste os serviços essenciais.