Em 2020, estarão online em todo o mundo mais de 50 bilhões de dispositivos (devices), como celulares, tablets, computadores, relógios, geladeiras, roupas e produtos que ainda não foram inventados. Com a "internet das coisas" interligando tudo, teremos muitos computadores por pessoa, com a tecnologia cada vez mais invisível, num mundo que caminha para a descentralização.
Agora, com os "assistentes pessoais" como a Alexa, da Amazon, e o Google Assistant, essas conexões serão ainda mais fáceis. Estava lendo recentemente sobre Amber Case, uma "antropóloga de cyborgs" americana que estuda as interações simbióticas entre humanos e máquinas. Ela estuda a antropologia dos cyborgs porque diz que "hoje já somos todos cyborgs", criando uma nova versão do homo sapiens. Antigamente, criávamos extensões físicas do nosso corpo: a faca como continuação dos dentes, o martelo, das mãos, e por aí vai. Hoje, estamos criando "cérebros externos" através dos nossos celulares e computadores. Amber explora o conceito de calm technology, onde o grande desafio é saber criar tecnologias que, de fato, melhorem as nossas vidas, potencializem o nosso lado humano e não sejam apenas mais uma distração.
Tecnologia não deve ocupar nossa atenção além do necessário. Deve ficar como pano de fundo, quase invisível em nossas vidas. Tecnologia pode comunicar, mas não precisa "falar". Tudo aquilo que faz muito barulho atrapalha quem não interessa. Tecnologia deve respeitar algumas normas sociais. O Google Glass, por exemplo, quando foi lançado, fazia sentido para uma pequena minoria e até hoje desperta desconfiança sobre a sua privacidade. Tecnologia tem que amplificar o melhor da própria tecnologia e o melhor da humanidade. Alguns wearables que corrigem a postura e sensores que ajudam a pessoa a dormir melhor são um bom exemplo disso. Amber ainda cita exemplos como lâmpadas conectadas com a previsão do tempo, geladeiras inteligentes que informam quando um alimento está se deteriorando ou se algum produto está acabando e já o encomenda para o supermercado mais perto.
Um dos grandes desafios que temos hoje é como tantas máquinas podem nos ajudar a resolvermos mais necessidades e sermos mais humanos. E humanos mais inteligentes e não só máquinas inteligentes. A quantidade certa de tecnologia é a quantidade mínima necessária para resolver um problema. Quanto menos features, melhor.