É exemplar o posicionamento expresso pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado no jornal O Globo do último domingo, sob o título "Ainda há razões para sonhar". Depois de analisar algumas ações do governo Temer que considera positivas para a retomada do crescimento, entre as quais o controle da inflação, a redução do déficit fiscal e o encaminhamento das reformas da Previdência e trabalhista, FHC critica o discurso ideológico dos oposicionistas. "Manter as contas do governo em ordem não é ser de direita ou de esquerda, é ser sensato", conclui.
Ao considerar a austeridade como pré-requisito para a formulação de políticas públicas de cunho social, o ex-presidente e líder do PSDB lembra que as administrações petistas lançaram uma nuvem de ilusão sobre o país na última década e que, agora, chegou a hora de enfrentar a realidade. E a realidade é evitar gastos, inclusive com pessoal, que não tenham receita presente ou futura suficiente para cobri-los.
Fernando Henrique Cardoso também analisa a realidade da Operação Lava-Jato, lembrando que ela pode estimular uma revolução nas práticas políticas e ser o início de uma mudança cultural. Mas que também pode produzir consequências indesejáveis, entre as quais o desmantelamento de empresas que são importantes para o país e que poderiam se recuperar moralmente, com a implantação de rigorosas regras de governança.
A experiência política do ex-governante merece atenção no momento em que os brasileiros buscam saídas para as múltiplas crises que entravam o desenvolvimento da nação.