O Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou indícios de irregularidades em mais de um terço dos doadores que já contribuíram para campanhas de candidatos a prefeito e a vereador neste ano. Esta é a primeira campanha depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu contribuições de empresas, permitindo apenas as de pessoas físicas até um determinado limite. Ao que tudo indica, a mudança destinada a reduzir as brechas para corrupção nos financiamentos eleitorais já vem dando margem ao uso dos chamados laranjas por parte de candidatos e partidos, mesmo havendo consciência do maior rigor na fiscalização, particularmente a partir da Operação Lava-Jato.
Uma das vantagens propiciadas pela alteração legal é a de exigir prestações de contas dos recursos recebidos não mais em apenas duas datas específicas, mas a cada 72 horas. Foi essa agilidade que permitiu aos organismos de fiscalização, já na largada da corrida por votos, detectar irregularidades que poderão determinar até mesmo o veto a algumas candidaturas. Entre as deformações, estão desde contribuições de pessoas já mortas ou beneficiárias do Bolsa Família, até prestadores de serviços que não têm sequer funcionários.
É inaceitável que mesmo o rigor da lei e a determinação do poder público de punir mais a partir de agora sejam insuficientes para intimidar maus políticos. O fato deve servir de alerta para os eleitores, que precisam redobrar ainda mais a vigilância sobre os candidatos antes de definirem suas escolhas.