É lamentável, decepcionante e surpreendente que, no momento da maior crise da segurança da história do Rio Grande do Sul, o governador José Ivo Sartori tenha se decidido pelo coração e pela cor política para comandar a área mais dramática de seu governo. Quando todo o Estado esperava um nome com conhecimento e trajetória comprovados na área, capaz de liderar um corpo funcional já desestimulado pela falta de equipamentos e pessoal, sem contar os seguidos atrasos nos vencimentos, a escolha do prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, é previsivelmente recebida com reações que vão do ceticismo à perplexidade e até indignação.
Mesmo que o prefeito seja um político experiente e as instâncias legais o tenham isentado até agora de culpa na tragédia da Kiss, sua administração é indelevelmente associada às circunstâncias que levaram à morte de 242 pessoas, pelas quais o Rio Grande do Sul ainda está e estará de luto por muito tempo. Ter desconsiderado a realidade óbvia de que Schirmer terá sob seu comando o Corpo de Bombeiros e a política de segurança desgasta profundamente a imagem do governo. Mais do que tudo, porém, revela que, entre delimitar o início de uma reviravolta na segurança, que deveria partir de um choque de credibilidade, e prestigiar um antigo companheiro de partido, o governador optou, tristemente, pela segunda opção.