O setor público é certamente o maior responsável, mas não pode ser o único a assumir tarefas antes e depois de fenômenos naturais que resultam, em sequência, nos sérios danos que Porto Alegre sofreu na sexta-feira e ontem. Se fortes ventos e chuvas não podem ser evitados, é preciso que os governos e as populações se preparem para amenizar suas consequências. Ontem, por exemplo, a Capital voltou a ter áreas alagadas, em decorrência não só do acúmulo de detritos da tempestade da semana passada, mas de resíduos que, cotidianamente, impedem o fluxo de água. São materiais que, em muitos casos, vão parar nos dutos por causa do desleixo dos moradores com o descarte de todo tipo de material orgânico e reciclável.
Moradores da cidade, que têm o direito de exigir direitos plenos, devem também reconhecer suas obrigações, ou a cidadania estará sendo exercida parcialmente. Muitos dos que reclamam da lentidão na restauração do fornecimento de água e luz são também os que contribuem, com a indiferença diante de problemas que podem ajudar a resolver, para que a volta à normalidade seja demorada. Em outros casos, é preciso reconhecer as situações em que a própria população se encarrega de contribuir para a imediata reutilização de locais de uso público, como ocorreu em escolas e até mesmo em praças. Claro que, em muitas circunstâncias, deve ser observada a supervisão de pessoas habilitadas para tais tarefas.
Além de auxiliar na volta à normalidade e de adotar um comportamento cauteloso e preventivo, para evitar riscos próprios e a terceiros, a população precisa ser solidária com o setor público. É inquestionável, no entanto, que a grande responsabilidade, em relação à prevenção e à reparação de prejuízos, é dos governos e de suas estruturas. Os dois eventos, da semana passada e de ontem, devem oferecer subsídios importantes para que todos os envolvidos na superação de prejuízos e de traumas estejam mais preparados para as próximas ocorrências.