A Câmara de Deputados (CD) paralisada.
O Supremo Tribunal Federal interpretou o regimento da CD e decidiu que a expressão "eleição" correspondia à "escolha" das lideranças partidárias.
Assim, a composição das comissões permanentes, por eleição ou escolha dos líderes, depende da definitividade da decisão do STF.
Enquanto não se dar tal definitividade, o presidente da CD poderá postergar tal composição.
A CD não funcionará em sua plenitude.
Por outro lado, o deputado Picciani, vinculado ao governo, é eleito líder da bancada do PMDB com 37 votos contra 30 (dois em branco).
Para tal vitória, ministros do governo e secretários de Estado se afastaram dos seus cargos e retornaram à CD para votarem no deputado Picciani.
Quando retornarem às suas funções nos Executivos, assumirão suplentes não necessariamente vinculados ao governo.
O líder eleito pode ficar em minoria e poderemos ter um vai e volta.
O racha no PMDB é evidente.
De um lado, os governistas e, de outro, os deputados vinculados ao presidente Eduardo Cunha e os deputados não governistas.
[Para a instabilidade da base governista, colaboram PMDB e outros partidos.]
O presidente do Senado, o presidente da CD, senadores e deputados da base governista respondem perante o STF no bojo da Operação Lava-Jato.
A crise econômica agrava-se.
A pequena política domina, com exclusividade, o cenário.
A necessária retomada do crescimento econômico depende da retomada dos investimentos.
Os investimentos dependem da retomada da confiança.
A confiança depende de um governo que governe e de uma política que acene para um horizonte, social e econômico, de superação das dificuldades e impasses do presente.
Tal superação depende da solução, mesmo parcial, do impasse político, que promoverá a retomada da confiança.
É o diálogo entre a situação e a oposição.
Não podem governo e oposição aferrarem-se em certezas e convicções paralisantes.
O momento é de construção de caminhos, e não imposição de rumos.
Lideranças do PSDB começam a substituir a posição verbalizada pelo ex-líder deputado Carlos Sampaio, ligado ao senador Aécio Neves.
O novo líder na CD, deputado Antonio Imbassahy, e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, acenam para diálogo de enfrentamento da crise.
[A liderança anterior votou contra soluções criadas por Fernando Henrique, tudo para dificultar o governo e apostar no aprofundamento da crise.]
A hora é da grande política.