No artigo anterior, fiz um sumário do sistema eleitoral americano.
No Brasil, o voto é obrigatório, direto e plebiscitário.
Os candidatos são escolhidos pelos partidos em convenções nacionais.
É permitido eleições prévias, que já ocorreram com candidaturas a governador.
Para presidente, nunca houve.
Os eleitores podem votar em um só candidato.
O voto de cada um é igual aos demais.
O sistema é de voto nacional plebiscitário, não federativo.
Nos Estados Unidos, o voto é facultativo, direto em dois momentos, indireto na escolha final e federativo (não plebiscitário).
O processo começa com convenções (caucus) e prévias partidárias diretas para a escolha de candidatos.
Passa por uma eleição direta para a composição do colégio eleitoral (538 delegados, electors), onde cada Estado tem uma representação igual ao número de seus senadores (sempre dois) mais o número de seus deputados.
Termina com a votação no colégio eleitoral, portanto indireta, que elege o presidente.
Quando escrevo, nas prévias do Partido Republicano despontam Ted Cruz, senador pelo Texas, e Donald Trump, empresário de Nova York. Aquele venceu em Iowa e ficou em terceiro lugar em New Hampshire, onde Trump foi o primeiro, com 35,3%.
Todos esses candidatos são da direita americana, nacionalistas e conservadores, inclusive Trump, que é um outsider no partido.
Jeb Bush, filho e irmão de ex-presidentes, enfrenta grande dificuldade.
Quanto ao Partido Democrata, tinha-se como indicada Hillary Clinton.
Aparece, agora, Bernie Sanders, senador por Vermont, graduado pela Universidade de Chicago, onde foi filiado à Liga Socialista dos Jovens.
Ele se declara socialista, tem apoio da juventude, ataca Wall Street e não é considerado populista.
Hillary Clinton, como Jeb Bush, integra uma dinastia de políticos.
Pesquisas indicam que 44% de eleitores democratas apoiam Sanders, e 37%, Hillary Clinton.
No caucus de Iowa, Hillary teve vitória apertada de 49,8% contra 49,6% de Sanders e perdeu na prévia de New Hampshire (38% a 69,4%).
A chamada democracia de esquerda (democratic left) americana tem na Dissent Magazine a sua porta-voz intelectual.
Ela tem como coeditor o filósofo Michael Walzer, professor emérito do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, com grande influência no pensamento liberal de esquerda.
Haverá uma radicalização, à direita e à esquerda, no eleitorado americano?
E haverá exclusão das elites políticas dos dois partidos?