O misto de frustração e indignação entre turistas em Santa Catarina, diante da falta de condições de balneabilidade em algumas praias e dos problemas registrados na área de saúde pública, vale como alerta também para o Rio Grande do Sul. Ambos os Estados têm características distintas, a começar pela geografia litorânea. Ainda assim, o drama enfrentado hoje em alguns dos pontos turísticos mais visitados no litoral, nesta época do ano, serve como uma triste advertência dos prejuízos que podem ocorrer quando o poder público se descuida do que deveria se constituir numa prioridade de qualquer gestor municipal: saneamento básico.
Em Santa Catarina, muitos visitantes arcaram com valores elevados de aluguel e com os ônus do deslocamento. Agora, se veem impedidos de entrar no mar ou enfrentam os contratempos de viroses em consequência do descaso oficial com os investimentos nessa área. Como adverte o professor Daniel Silva, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), esse é o tipo de problema que ocorre por desrespeito a um pressuposto: entender que questões como água, saneamento básico, incluindo a coleta e o tratamento de esgotos, dos resíduos sólidos, das águas pluviais, entre tantas outras, são bens comuns a todas as pessoas. Por isso, precisam de ações firmes para serem preservados.
Por suas particularidades de mar aberto, sem baías como as catarinenses, e sem grande afluxo de turistas, o litoral gaúcho é menos propenso a enfrentar uma situação como a do Estado vizinho. Ainda assim, os problemas em parte do litoral catarinense, com repercussões nas áreas de saúde pública, ambiental, turística e econômica, entre outras, reafirmam a urgência de mais atenção ao saneamento.