Senhor vice-presidente decorativo.
Verba movent exempla trahunt (As palavras movem, os exemplos arrastam).
Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário desses últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos.
Esta é uma carta pessoal.
Desde logo, digo-lhe que também desconfio de suas reais intenções.
Vamos aos fatos.
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1. Se o senhor passou os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo, como admitiu em recente correspondência à sua chefe, talvez devesse devolver pelo menos parte dos R$ 30.934,70 do seu subsídio mensal, pois o povo brasileiro trabalha duramente para sustentar a administração pública e não é justo que um servidor receba sem dar a correspondente contrapartida.
2. Acredito que o senhor tenha mesmo muitos motivos para estar magoado com a presidente, mas a alegação de que seus afilhados políticos foram preteridos na ocupação de ministérios e cargos públicos importantes pega muito mal junto aos milhares de brasileiros desempregados, que não têm padrinho nem partido político que os protejam.
3. Democrata que sou, apoio totalmente sua disposição de reunificar o país e seu empenho pela construção de "uma ponte para o futuro", com potencial para recuperar a esgualepada economia nacional.
4. Não sei se o governo está tentando dividir ainda mais o seu partido, mas qualquer brasileiro minimamente informado sabe que o PMDB já é uma colcha de retalhos e que se tornou pouco confiável exatamente por renunciar às próprias convicções para sistematicamente aderir ao poder.
5. Caso a presidente venha a ser impichada, como se desenha, e o senhor assuma o comando da nação, por favor procure respeitar a Constituição e não gaste o seu latim em vão. Espero, sinceramente, que siga a citação da língua morta tão ao seu gosto, que pernosticamente utilizei na abertura deste texto. Fecho com outra: Tempus est optimus judex rerum omnium (O tempo é o melhor juiz de todas as coisas).
Lamento, mas esta é a minha convicção.