Amplia-se a cada dia o desconforto do ministro da Fazenda, diante da falta de apoio da própria base aliada do governo e das críticas de parte da oposição e até mesmo do empresariado. Além das notícias sobre as reações políticas e do setor produtivo à sua insistência em recriar a CPMF, dissemina-se com insistência o boato de que o senhor Joaquim Levy é um demissionário que apenas tem adiado sua saída da Fazenda. Tudo o que o país não precisa no momento é da confirmação de tais especulações.
Se o ministro pode ser questionado por seus atos, como qualquer ocupante de cargo público, é temerário que alguns setores torçam pelo insucesso de suas tentativas de reordenar a economia, como se o fracasso fosse uma forma de solução para os impasses do país. De fato, o economista tem perdido boa parte do apoio de que dispunha quando assumiu. Mas ainda não se esgotaram as suas chances de pôr em prática as ideias para uma política econômica que revise os erros acumulados por seu antecessor.
A desconfiança do empresariado é motivada pelos movimentos vacilantes de Joaquim Levy em relação ao ajuste, por sua incapacidade de convencimento da base governista e pelo fato de que não desiste da CPMF como saída emergencial para pelo menos contribuir para a redução do rombo fiscal. Cobra-se igualmente do titular da Fazenda um plano capaz de, além de promover melhoria nas contas, propiciar a retomada do crescimento.
Mas os próprios críticos do ministro devem assumir sua parcela de culpa na falta de efetividade da equipe econômica, e entre esses estão os integrantes de grupos do Congresso empenhados em inviabilizar o esforço pela austeridade - muitos dos quais investigados por suspeita de envolvimento com a corrupção.
O momento exige que Executivo e Congresso superem um confronto que parece interminável e enfrentem as grandes questões nacionais. O risco de fracasso de Joaquim Levy, em circunstâncias dominadas pelo atrito político, já vem repercutindo no mercado financeiro, com consequências para toda a sociedade. É óbvio que a fragilização do ministro não fará bem ao país.