A importância de uma região no xadrez das nações depende menos de seu peso específico em termos geopolíticos, econômicos e culturais do que da combinação de um conjunto de fatores que podem, por vezes, parecer aleatórios ou mesmo ridículos. Em 1888, o chanceler alemão Otto von Bismarck foi profético ao afirmar: "Um dia, a grande Guerra Europeia será deflagrada por uma maldita estupidez nos Bálcãs".
O lugar mais propenso a uma "maldita estupidez" nos dias de hoje não é o Leste Europeu nem o Oriente Médio, e sim o Mar do Sul da China. É lá que duas potências nucleares, Estados Unidos e China, executam desde 2013 um balé belicoso em torno das Ilhas Spratly. Trata-se de um arquipélago de cem ilhas e recifes desabitados que está no centro de uma disputa territorial entre China, Vietnã, Malásia e Brunei.
A decisão americana de enviar um destróier à costa de duas ilhas artificiais do arquipélago, Subi e Mischief, provocou ira em Pequim. Para os chineses, trata-se de uma violação de soberania que provocou a convocação do embaixador americano em Pequim, Max Baucus.
A China investiu bilhões de dólares desde o ano passado na expansão artificial de sete recifes de Spratly.
Não é a primeira vez que ocorre um incidente desse tipo na região. O que distingue o episódio é que a decisão de enviar o destróier foi amplamente debatida no interior da administração Barack Obama e vazou para a imprensa, na evidente tentativa de atrair atenção para uma região que poucos conhecem.