O governo da Turquia faria bem em esclarecer com rapidez a morte da jornalista e ativista britânica Jacqueline Sutton, encontrada enforcada na noite de sábado num banheiro do aeroporto de Istambul. Vinculada ao Instituto de Reportagem de Guerra e Paz (IWPR, na sigla em inglês), Sutton estava a caminho de Erbil, capital da região autônoma curda no norte do Iraque. As forças curdo-iraquianas foram as principais responsáveis por deter o avanço do Estado Islâmico (EI) no norte do país no ano passado. Muitos dos combatentes que se juntaram ao EI chegaram à Síria e ao Iraque passando por território turco.
Segundo o diretor-executivo do IWPR, Anthony Borden, Jacky, como era chamada, 50 anos, teria sido encontrada enforcada com cadarços. Afirmando que é difícil imaginar a hipótese de suicídio, Borden acrescentou que não há nem sequer certeza de a vítima estar usando sapatos com cadarços. O IWPR lembrou que o antecessor de Jacky no Iraque, Ammar al-Shahbander, foi morto em um atentado com carro-bomba em Bagdá há apenas cinco meses.
Forças iraquianas lançam grande ofensiva contra o Estado Islâmico
Nestes dias sombrios, o Aeroporto Atatürk é um dos mais policiados e espionados do mundo. Em novembro passado, ao desembarcar nesse mesmo aeroporto de um voo procedente de Frankfurt, na Alemanha, este colunista foi abordado junto à esteira de bagagens, antes da imigração, por três policiais à paisana. Depois de se identificar, queriam saber quem era, de onde vinha e para onde ia. Souberam que se tratava de jornalista brasileiro e que se dirigia a Sanliurfa, na região da Anatólia, a fim de fazer reportagem sobre a guerra civil síria.
Deram-se por satisfeitos com uma rápida olhada no passaporte. Se a polícia turca dispensa aos jornalistas britânicos o mesmo grau de atenção dedicado aos brasileiros, a morte de Jacky logo será solucionada.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: mistério no aeroporto
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Luiz Antônio Araujo
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