Flagrada ao distribuir chutes e rasteiras a refugiados desesperados que cruzavam a fronteira entre Hungria e Sérvia, a cinegrafista húngara Petra László anunciou que vai processar uma das pessoas que levou ao chão e o Facebook. Em imagens que viralizaram nas redes sociais, ela é vista chutando uma adolescente e derrubando um homem com uma criança no colo. Em entrevista ao site russo Izvestia, Petra revela que agiu por "medo" e que apenas queria ajudar a polícia a controlar a multidão.
- Apenas queria ajudar a polícia - sustenta a cinegrafista-kickboxer.
O repúdio mundial à atitude de Petra custou-lhe o emprego e um processo judicial por violência contra um membro da comunidade, crime punível com até cinco anos de prisão pelas leis húngaras. Ela deve ser julgada em até dois meses.
Imagens mostram cinegrafista húngara agredindo grupo de refugiados
Melhor sorte teve uma de suas vítimas. Osama Abdul Mohsen, técnico sírio de futebol de 52 anos, que aparece nas imagens caindo com o filho nos braços, recebeu oferta de emprego na Espanha. Ela o acusa de ter alterado o depoimento - inicialmente, Mohsen teria acusado a polícia de agredi-lo.
Em carta, cinegrafista húngara lamenta ter agredido migrantes
Embora seja impossível garantir que a criadora do "jornalismo rabo-de-arraia" terá um julgamento limpo na Hungria do premier Viktor Orban, seu caso é exemplar do tipo de tratamento que deveriam receber do sistema de governança europeu todos os agressores de migrantes. Infelizmente, há sinais de que a direção contrária pode ser escolhida.
Cinegrafista húngara que chutou migrantes será investigada criminalmente
A Hungria instalou cercas anti-migrantes, o parlamento esloveno aprovou lei que permite às forças armadas entregar refugiados às autoridades e uma reunião de partidos europeus de direita em Madri, na quarta, lançou uma proclamação segundo a qual "não podemos aceitar toda a miséria do mundo".
Em sua defesa, Petra László poderia afirmar que, pelo menos, derruba um de cada vez.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: kickboxer culpa vítimas
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Luiz Antônio Araujo
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