Quanto mais os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Barack Obama, sustentam que sua estratégia na Síria é derrotar o Estado Islâmico (EI), mais difícil é conciliar essa versão com as recentes ações russas e americanas.
O principal objetivo de Moscou é evitar que um colapso do exército do ditador Bashar al-Assad abra aos rebeldes o caminho até a base mediterrânea de Latakia, cedida pelo regime sírio aos russos. Por isso, em duas semanas de bombardeio, o foco das incursões da força aérea russa tem sido áreas sob controle de grupos rebeldes como Idlib, Homs e Hama. A primeira cidade é um possível ponto de apoio para um ataque a Latakia.
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Essa tática, no entanto, nada tem a ver com o combate ao EI. Embora os russos tenham bombardeado Raqqa, capital do EI, essa investida isolada serve mais a propósitos de propaganda do que a fins práticos. Pelo contrário: reportagem de Anne Barnard e Thomas Erdbrink no jornal The New York Times indica que o grupo islamista tem aproveitado o desarranjo provocado nas fileiras rebeldes pelos ataques russos e avançado em Aleppo.
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Já os EUA, que anunciaram no sábado o fim de um programa de treinamento de rebeldes no valor de US$ 50 milhões, afirmam ter lançado ontem 50 toneladas de munição, de paraquedas, para adversários do regime. Como o EI tem se mostrado mais efetivo do que a oposição, é possível supor que pelo menos parte dessa munição esteja em breve nas mãos dos barbudos. Estranha maneira de combatê-los.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: estranha guerra contra o EI
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Luiz Antônio Araujo
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