De todas as guerras em curso entre Beirute e Islamabad, a do Iêmen é a única em que o número de mortos cresce na proporção inversa ao de desmentidos oficiais. Nenhum envolvido no conflito no país da Península Arábica está preocupado em negar que seu objetivo é massacrar o maior número possível de inimigos.
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Na terça-feira, uma série de explosões atingiu alvos da coalizão liderada pela Arábia Saudita em várias partes da cidade portuária de Aden, antiga colônia britânica na costa do Mar da Arábia. Inicialmente, suspeitou-se de uma ação dos rebeldes houtis, sustentados pelo Irã e adversários do governo do presidente Abdo Mansour Hadi.
A suposição dissipou-se em seguida, quando um obscuro Estado Islâmico no Iêmen (EII), suposta franquia das forças do Califado do Iraque e da Síria, assumiu a autoria dos atentados.
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Usar homens-bomba como pontas de lança em ataques a bastiões inimigos tem sido uma tática comum do EI no Iraque e na Síria - foi o método empregado em Mossul e Kobani, por exemplo. O fato de o EI iemenita se dedicar a atacar o governo sunita de Hadi, e não os rebeldes xiitas houtis, mostra o quanto as divisões políticas e sectárias na atual crise do Oriente Médio podem se recombinar de país para país. Na Síria e no Iraque, os xiitas são os principais alvos do grupo.
Se a atual dinâmica no Iêmen se mantiver, o país será palco de uma inédita aliança entre forças sunitas e xiitas contra um governo apoiado por Ryadh.
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