O Brasil recebeu, em setembro, a primeira visita do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Durante a passagem relâmpago pelo Rio, Bauman deu uma interessante entrevista ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, que acaba de ir ao ar.
Na conversa de 40 minutos com o jornalista Alberto Dines, Bauman traçou um panorama instigante do que chama de "modernidade líquida". Trata-se da época em que ideias e relações modernas como conhecimento, objetividade e progresso - estáveis no período anterior, o da "modernidade sólida" - escorrem entre os dedos em meio à globalização e ao relativismo.
Bauman não é um pensador fácil. Sua imensa popularidade - somente no Brasil foram publicados 35 de seus livros - deve-se provavelmente ao fato de ter decidido parar de escrever "para outros sociólogos" e passado a abordar os temas que o preocupam em diálogo com grandes públicos.
Alguns desses tópicos foram tratados na entrevista: relações produtivas ("Vivemos num estado permanente de mútua suspeita e competição"), conhecimento na era digital ("O que eu aprendi com o Google é que eu nunca saberei o que eu deveria saber"), Europa ("Ainda estamos andando na escuridão, porque não existe um precedente para uma União Europeia") e até mesmo a situação do Brasil (um "milagre inacabado").
O sociólogo já havia cancelado uma visita ao Brasil no início da década, como conferencista do ciclo Fronteiras do Pensamento. A conversa entre Bauman e Dines pode ser assistida em zhora.co/zygbauman.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: Bauman, um pensador
Leia a coluna Olhar Global desta segunda-feira em ZH
Luiz Antônio Araujo
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project