Em entrevista recente à rede de TV Al-Jazeera, o secretário de Estado americano, John Kerry, deu razão aos que veem no governo Barack Obama um ator genuinamente inovador e disruptivo e o único avalista possível de um futuro melhor no Oriente Médio.
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Com um idealismo que deixaria o presidente Woodrow Wilson com complexo de inferioridade, Kerry explicou como seu governo vê o futuro da Síria:
- Você deve assegurar que, seja qual for a transição que ocorra, é justo e razoável que isso leve ao resultado final que você deseja: uma Síria unida e secular, na qual todas as minorias sejam protegidas, onde eles possam eleger seus próprios líderes para o futuro e nós possamos trazer as pessoas de volta dos campos de refugiados e unir o país novamente.
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Não falta experiência ao Departamento de Estado para perseguir esses objetivos. A "Síria unida" com certeza foi inspirada no Iraque, onde a "mudança de regime" preconizada por Washington resultou em um Estado fatiado em três. Nenhuma potência presente na região tem mais autoridade do que os EUA para tratar de "proteção das minorias", de "eleger seus próprios líderes" ou "trazer as pessoas de volta dos campos de refugiados". Difícil mesmo, porém, é imaginar qual modelo Kerry tem em mente quando fala em uma "Síria secular". Arábia Saudita? Turquia?
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No fundo, o que Kerry tem em mente para a Síria é algo como o que está sendo posto em prática no Afeganistão: uma ocupação prestes a completar 15 anos e sem data para terminar.
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Luiz Antônio Araujo: a Síria dos sonhos de Kerry
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