Por Marta Gleich, diretora-executiva de Jornalismo e Esporte e secretária do Conselho Editorial da RBS
Um dia antes do evento South Summit em Porto Alegre, o fundador do Waze, Uri Levine, concedeu uma entrevista ao colunista Rodrigo Lopes e conversou com executivos da RBS sobre o futuro do jornalismo.
É desta conversa que faço um resumo para nossos leitores:
1 – Não temos como prever o que vai acontecer com os veículos de comunicação no futuro. Mas há uma certeza: a qualidade do conteúdo e manter-se fiel à busca da verdade é o segredo para as empresas jornalísticas. “Conteúdo confiável sempre vai vencer”, disse Levine.
2 – Neste mar de informações disponíveis, as pessoas vão pagar por conveniência e qualidade, ou seja, receber o conteúdo no formato, no horário e no dispositivo que querem, com a qualidade que esperam.
3 – Uma das principais missões e responsabilidades das empresas jornalísticas é separar fatos de opiniões e de notícias falsas. Porque grande parte das pessoas não sabe mais diferenciar um do outro. Além disso, o público perdeu a capacidade de crítica do conteúdo. Simplesmente vão aceitando tudo, sem diferenciação.
4 – Ainda que não saibamos como vai ser o futuro, o importante é a velocidade da mudança. Como acompanhar? As coisas vão acontecendo e você vai mudando. Rápido. É isso que garante que você acompanhe as transformações.
5 – Preste atenção na distribuição. Como o conteúdo está sendo entregue? Onde? Muita coisa já está em redes sociais, e vai estar ainda mais.
6 – E o uso da inteligência artificial generativa (IAG) em redações? Pode-se usar. Mas como um rascunho, desde que os jornalistas se certifiquem de que as informações são verdadeiras. IAG tem a ver com linguagem, não com fatos. Os fatos precisam ser checados, e é a redação que garante sua veracidade.
7 – Levine é autor do livro Fall in Love With the Problem, not the Solution, lançado no Brasil com o título Apaixone-se pelo Problema, não pela Solução, que é a base do Waze (o foco sempre foi o problema dos motoristas ao gastar tempo no trânsito). Foco no problema é “a estrela do norte”. Fale com as pessoas que têm aquele problema. Elas saberão explicar em detalhes sua dificuldade. E as pessoas querem muito falar de seu problema, elas se engajam e ajudam o seu negócio.