Por Débora Pradella, gerente de produto e experiência digital no Grupo RBS, membro do Conselho Editorial da RBS
O tema combate à desinformação nunca saiu da pauta, mas em um ano eleitoral, ele ganha ainda mais protagonismo. Por isso, é importante destacar algumas lições sobre jornalismo e comunicação que podem nos guiar neste ano desafiador.
Lição 1: onde não há informação, há desinformação
Em um ambiente sem informação confiável, há espaço para criação de hipóteses e teorias que, após serem amplamente compartilhadas, são encaradas pelo público como verdades. “Nós temos que levar as teorias da conspiração a sério e pensar por que são tão importantes e poderosas. É porque são histórias que dão explicações simples para o mundo”, já alertou Claire Wardle, professora britânica e diretora-executiva da First Draft News, organização criada com o propósito de capacitar a sociedade para combater informações enganosas.
Este é o nosso compromisso, e o público pode sempre contar com o jornalismo para esclarecer os fatos
As redes sociais são o ambiente perfeito para a disseminação de teorias conspiratórias. É onde pessoas se sentem parte ativa no compartilhamento de informações e onde interesses escusos são escondidos atrás de robôs que criam e impulsionam conteúdos falsos. Em ano eleitoral, isso é ainda mais grave. Por isso, cobrar a regulamentação dessas plataformas para combater e controlar notícias falsas se torna cada vez mais urgente. É preciso que as grandes empresas de tecnologia se responsabilizem pelo impacto que a desinformação gera na sociedade e deixem de lucrar com isso.
Lição 2: transparência é essencial
Respostas pouco transparentes ou ausência de respostas oficiais só pioram a situação e amplificam a desinformação gerada pelas redes sociais. Em um seminário promovido pelo TSE no Brasil, Wardle reforçou que é justamente no vácuo de informações e dados oficiais que entra a desinformação. A tentativa de ocultar ou remover uma informação pode gerar um fenômeno social chamado “efeito Streisand”, que é quando essa estratégia de censura se volta contra o censor e o fato passa a ser replicado em massa. Por isso, transparência e informações oficiais confiáveis também são peças importantes para mitigar esse sistema de disseminação de notícia falsas.
Lição 3: jornalismo e checagem como antídoto
Jornalismo profissional segue sendo o melhor antídoto para o combate à desinformação. Esta missão é aplicada diariamente pelas redações jornalísticas do mundo, seja checando notícias falsas sobre guerras e eleições ou conferindo dados da gestão pública para prestar contas à sociedade. E é por isso que precisamos do jornalismo cada vez mais forte, para checar, informar e combater a desinformação. Este é o nosso compromisso, e o público pode sempre contar com o jornalismo para esclarecer os fatos.