O republicano Donald Trump tomou posse nesta segunda-feira (20) para um novo mandato como presidente dos Estados Unidos. O empresário, que venceu Kamala Harris nas eleições presidências de novembro, assume o lugar de Joe Biden na Casa Branca.
— A era de ouro dos Estados Unidos começa neste momento. Nossa soberania será restaurada. Nossa prioridade será criar uma nação que seja próspera e livre — disse Trump em discurso.
Esta será a segunda vez que Trump comandará a maior potência do planeta. O republicano já governou o país de 2017 a 2021, quando foi substituído pelo democrata Biden.
A cerimônia de posse foi realizada na parte interna do Capitólio, sede do Congresso dos EUA — tradicionalmente, o evento ocorre na área externa, nas escadarias do prédio, mas foi realizado em ambiente fechado devido ao frio extremo em Washington.
No local, Trump fez o juramento de posse, ato que marca o início oficial do mandato e o compromisso do presidente com a Constituição e com o povo americano. A frase do juramento presidencial está estabelecida na Constituição dos Estados Unidos e em uso desde 1884.
— Juro solenemente que executarei fielmente o cargo de presidente dos Estados Unidos e, da melhor maneira possível, preservarei, protegerei e defenderei a Constituição dos Estados Unidos — afirmou Trump.
Após o juramento, o republicano discursou. Lembrou do atentado que quase o matou:
— Fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente.
Logo após a cerimônia, o presidente em fim de mandato, Joe Biden, e a vice dele, Kamala Harris, candidata presidencial derrotada por Trump, se despediram dos cargos e deixaram o Capitólio de helicóptero.
O que esperar do novo mandato

— Se você gostou do Trump 1, você vai amar o Trump 2 — disse Peter Loge, diretor da Escola de Mídia e Relações Públicas da Universidade George Washington.
Apesar de todas as conversas anteriores sobre um Trump mais disciplinado, o homem que tomará posse parece, de muitas maneiras, ser a mesma figura instável de oito anos atrás.
— A personalidade de Trump é fundamentalmente a mesma — disse David Greenberg, professor de história e jornalismo na Universidade Rutgers.
Trump tem a maioria na Câmara de Representantes e no Senado. Além disso, o próprio partido Republicano espelha as suas ideias.
— O trumpismo é o Partido Republicano hoje — disse Jon Rogowski, da Universidade de Chicago, acrescentando que Trump agora é "mais palatável para uma gama mais ampla do espectro político".
Enquanto os críticos alertam para os traços autoritários – uma "ameaça à democracia", nas palavras do presidente em fim de mandato, Joe Biden –, Trump se tornou, de muitas maneiras, o "novo normal" dos Estados Unidos.
Pouco se fala, por enquanto, sobre como Trump deixou o cargo em desgraça depois que seus apoiadores, que rejeitaram a eleição de Biden, atacaram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O fato de que ele será o primeiro presidente condenado mal parece ter ressoado.
Trump também começará com pressa, sabendo que está limitado a mais quatro anos. Espera-se que ele assine cerca de cem ações executivas em suas primeiras horas como presidente.
Em seu discurso após a posse, Trump declarou emergência nacional nas fronteiras do sul. A medida, segundo ele, é para "impedir as entradas ilegais" de imigrantes no país.
— Restabeleceremos a minha política de permanência (de imigrantes) no México.
Também irá determinar fim à política governamental de tentar incorporar socialmente a raça e o gênero em todos os aspectos da vida pública e privada.
Trump também prometeu impor tarifas e impostos a outros países em um discurso inaugural fortemente nacionalista após fazer o juramento de posse:
— Começarei imediatamente a reformular nosso sistema comercial para proteger os trabalhadores americanos e suas famílias. Em vez de tributar nossos cidadãos para enriquecer outros países, cobraremos tarifas e impostos de países estrangeiros para enriquecer nossos cidadãos.
Declarações e decretos polêmicos
Trump também escolheu um gabinete inflexível e controverso, incluindo o cético em relação às vacinas Robert F. Kennedy Jr. para o cargo de secretário da Saúde.
No cenário mundial, Trump está mais provocador do que nunca. Ele se recusou a descartar uma ação militar para tomar à força a estratégica Groenlândia e o Canal do Panamá.
— Os navios americanos estão severamente sobretaxados e não são tratados de forma justa, de qualquer forma ou forma, e isso inclui a Marinha dos Estados Unidos e, acima de tudo, a China está operando o Canal do Panamá. E não demos para a China. Demos-o ao Panamá e vamos retirá-lo — disse durante o discurso de posse.
Acordo de Paris e exploração de petróleo
O presidente anunciou que sua administração irá retirar pela segunda vez os Estados Unidos do Acordo Climático de Paris — que visa adotar medidas para frear a emissão de gases do efeito estufa. A decisão desafia os esforços globais para combater o aquecimento global, enquanto fenômenos meteorológicos catastróficos se intensificam em todo o mundo.
O novo mandatário disse que vai decretar "emergência energética nacional" para ampliar significativamente a extração de hidrocarbonetos no maior produtor de petróleo e gás do mundo, uma ruptura com as políticas climáticas de Joe Biden.
— (temos) A maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país da Terra, e vamos usá-la, baixaremos os preços, reabasteceremos nossas reservas estratégicas, até o topo, e exportaremos energia americana para todo o mundo — disse, ao reforçar o fim do "império" dos carros elétricos e da legislação ambiental.
A saída do acordo levaria um ano após a apresentação de uma notificação formal às Nações Unidas, que patrocinam as negociações globais sobre o clima.
Mesmo antes de sua saída formal, essa decisão representa um duro golpe para a cooperação internacional destinada a reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Críticos alertam que a medida poderia incentivar outros grandes emissores, como China e Índia, a reduzirem seus próprios compromissos.
Essa decisão ocorre em um momento em que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez, nos últimos dois anos, o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, destacando a urgência de ações climáticas.
Organização Mundial da Saúde e a pandemia de Covid-19
Outro decreto polêmico assinado pelo novo presidente americano foi o de retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ao assinar o documento na Casa Branca, Trump disse que os Estados Unidos pagam injustamente mais do que a China ao organismo da Organização das Nações Unidas (ONU), e acrescentou: a OMS "nos roubou". No primeiro mandato, ele havia criticado à OMS durante a pandemia de covid-19.