Com a escalada do conflito entre Israel e Hezbollah, grupo extremista que atua no Oriente Médio, Beirute, capital do Líbano, voltou a ser alvo de destruição após um bombardeio em 21 de setembro que deixou ao menos 31 mortos na cidade e mais de 500 em todo o país. No dia 28 do mesmo mês, outro ataque resultou na morte do chefe da organização radical, Hassan Nasrallah, além de outras seis pessoas.
Ao longo da história, a capital libanesa enfrentou diversos momentos trágicos. A cidade já foi destruída e reconstruída sete vezes em 5 mil anos de existência, sendo palco de desastres naturais e guerras. O levantamento foi realizado pelo History Channel.
A capacidade de Beirute de renascer das cinzas é algo que gera esperança à população local, que vivenciou uma de suas maiores reconstruções recentemente. Em 2020, um incêndio em um armazém no porto da cidade causou uma das maiores explosões não nucleares da história. Na ocasião, bairros inteiros foram destruídos, 220 pessoas morreram e mais de 6,5 mil ficaram feridas.
Interferência humana e causas naturais
Beirute já foi um importante ponto comercial no passado, com menções datando do Egito Antigo, em 2.000 a.C. A primeira grande destruição ocorreu durante a ocupação romana, quando o Império transformou a cidade em colônia, no ano 14 a.C. Após cinco séculos sem grandes catástrofes, um terremoto em 551 gerou um maremoto que devastou a cidade. Posteriormente, em 635, Beirute foi novamente ocupada e destruída, desta vez pelos otomanos, que iniciaram o governo islâmico.
Durante a primeira Cruzada, a cidade foi atacada por templários, sofrendo a quarta grande destruição. Cristãos e muçulmanos lutavam pelo controle da região, que foi retomada pelo Império Otomano em 1110, após períodos de domínio egípcio e turco.
Séculos 16 a 20
Nos séculos seguintes, Beirute renasceu e se tornou um dos principais centros comerciais do Mediterrâneo. Porém, no século 16, sofreu o quinto grande golpe: um ataque russo durante a guerra entre o Império Russo e a Turquia (1568-1570). A cidade foi ocupada por quatro meses pelas tropas russas.
No século 20, após a Primeira Guerra Mundial, o Líbano tornou-se um protetorado francês até 1926, quando conquistou a independência.
Conflitos modernos
Beirute foi impactada por dois grandes conflitos nas últimas décadas. O primeiro, decorrente da criação do Estado de Israel, em 1948, trouxe uma onda de refugiados palestinos, o que intensificou as tensões entre as diferentes comunidades religiosas da região. A independência do Líbano, por sua vez, não resultou em um Estado nacional unificado, aprofundando as divisões religiosas
A Guerra Civil Libanesa (1975-1990), marcada pelo conflito entre cristãos maronitas e muçulmanos, ligados à Síria, resultou na morte de cerca de 150 mil pessoas. Beirute, no coração do conflito, viu relíquias e estruturas serem destruídas. A cidade, dividida entre áreas cristãs e muçulmanas, iniciou um longo processo de reconstrução após o término da guerra.
Entretanto, a paz foi breve. Em 2006, um novo conflito eclodiu, desta vez entre Israel e o Hezbollah. Durante o confronto, áreas do oeste de Beirute foram devastadas por bombardeios israelenses. Em 29 de julho daquele ano, ataques aéreos mataram 33 crianças e quatro adultos libaneses. Após uma trégua em 14 de agosto de 2006, a cidade retomou mais uma vez o processo de reconstrução e o porto de Beirute expandiu-se, tornando-se um importante centro regional.
Reconstrução contínua
Mais recentemente, em 2020, Beirute se viu diante de outro desafio. No dia 4 de agosto daquele ano, um incêndio em um armazém no porto da cidade causou uma das maiores explosões não nucleares da história, resultando na morte de 220 pessoas e ferindo mais de 6,5 mil. O local guardava toneladas de nitrato de amônio, um material altamente explosivo que exigia cuidados rigorosos de manuseio. No entanto, na prática, as precauções necessárias para lidar com a substância não eram seguidas.
Novo conflito
Com a escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah, desencadeada novamente pelo início da guerra entre Tel Aviv e o grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro do ano passado, Beirute voltou a ser alvo de bombardeios. Desde 21 de setembro, os ataques já deixaram cerca de 40 mortos na capital, incluindo o líder do grupo extremista libanês.