No último discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se disse otimista na resolução dos atuais conflitos mundiais, mas também pediu o fim imediato da guerra em Gaza e mais apoio para que a Ucrânia vença a guerra contra a Rússia.
Em um discurso de pouco mais de meia hora, Biden falou dos conflitos em curso na Ucrânia e em Gaza, as incertezas relacionadas aos impactos da inteligência artificial, as ameaças das armas nucleares e a urgência das mudanças climáticas.
— Eu realmente acredito que estamos em outro ponto de inflexão na nossa história — disse o presidente.
— As escolhas que fazemos hoje determinarão nosso futuro pelas próximas décadas — afirmou.
Em tom de despedida e retrospectiva, o presidente norte-americano disse que está prestes a deixar a vida pública e pediu esperança para resolver os desafios atuais.
Esse foi o último discurso de Biden na Assembleia como presidente dos EUA. Antes dele, discursaram António Guterres, secretário-geral da ONU, o camaronês Philémon Yange, presidente da Assembleia Geral, e Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.
Ao final do discurso, Biden falou sobre a decisão de não seguir com a candidatura a presidente dos EUA neste ano.
— Há muito mais que quero realizar. Mas, por mais que eu ame o trabalho, amo mais o meu país (...) Lembrem-se: algumas coisas são mais importantes do que permanecer no poder — disse, sendo aplaudido pelos presentes.
Confira alguns pontos do discurso
Guerra em Gaza
Sobre o tema, Biden destacou que é hora de "finalizar os termos" para um cessar-fogo que acabe com o conflito, em referência ao acordo mediado por EUA, Catar e Egito. O plano inclui "trazer os reféns para casa", garantindo a segurança de Israel e Gaza "das garras do Hamas".
O presidente dos EUA ainda alertou sobre o perigo de uma "guerra em grande escala" no Líbano.
— Embora a situação tenha se agravado, ainda é possível uma solução diplomática — acrescentou, reforçando o seu tom esperançoso do discurso.
Guerra na Ucrânia
Ao falar da guerra russa na Ucrânia, Biden afirma que "a guerra de Putin" já falhou em seu objetivo principal. Ele também pediu que os países mantenham apoio até que a Ucrânia alcance uma "paz justa e duradoura".
—Ele (Putin) pretendia destruir a Ucrânia, mas a Ucrânia continua livre. Ele pretendia enfraquecer a Otan, mas a Otan está maior, mais forte e mais unida do que nunca — afirmou Biden.
Feitos do governo
Biden também aproveitou a oportunidade para também fazer uma síntese da sua gestão. Ele ressaltou que era o seu objetivo retirar o país da "guerra eterna" com o Afeganistão.
— Eu estava determinado a acabar com ela, e eu acabei — disse Biden sobre a saída dos EUA do país.
Ele ainda lamentou as vidas perdidas e agradeceu pelo serviço de militares que lutaram pelos EUA.
Em tom otimista, ressaltou que os conflitos podem acabar e resultar em cooperações, como é o caso hoje dos EUA e do Vietnã, atualmente "parceiros e amigos", nas palavras do presidente americano.
Biden ainda destacou os avanços dos EUA em relação violência contra crianças e mulheres e no combate ao terrorismo, citando especificamente a Al Qaeda e Osama Bin Laden.
— Nós e o então presidente Obama encerramos uma guerra que começou no 11 de setembro (de 2001) — disse.
Ajuda para a África
Biden anunciou que os EUA vão investir US$ 500 milhões para contribuir no combate ao crescente surto de Mpox, a varíola dos macacos, na África, além de doar 1 milhão de doses de vacinas para prevenir o vírus. Ele chamou outros países a seguirem seu exemplo.
Guerra civil no Sudão
No Sudão, onde uma catástrofe humanitária foi criada por uma brutal guerra civil, Biden disse que "o mundo precisa parar de armar os generais", sem citar nações específicas.
O presidente ressaltou que é preciso dizer a esses líderes que "parem de destruir seu país".
— Deixem de bloquear a ajuda ao povo sudanês. Ponham fim a esta guerra agora.
Perigos da IA
O presidente também alertou sobre os impactos incertos dos avanços do desenvolvimento da inteligência artificial. Ele citou o perigo em relação à desinformação, ao respeito pela vida humana e à potencial exploração por poderes totalitários.
— Devemos garantir que as incríveis capacidades da inteligência artificial sejam usadas para elevar e capacitar as pessoas comuns, e não para dar aos ditadores grilhões mais poderosos sobre o espírito humano — afirmou aos líderes mundiais.