O presidente dos Estados Unidos Joe Biden anunciou, neste domingo (21), que desistiu de concorrer à reeleição. O comunicado foi divulgado por meio das redes sociais. Apesar dos esforços de Biden para melhorar sua popularidade, havia ampla pressão para que o democrata abandonasse a corrida eleitoral, tanto de colegas de partido quanto dos eleitores.
Vários deputados e um senador do seu partido já haviam pedido que Biden deixasse de concorrer. A pressão aumentou após o primeiro debate presidencial contra Donald Trump, em que o democrata teve um desempenho questionável.
Apesar das pesquisas mostrarem desvantagem em relação ao candidato republicano, Biden estava ignorando as críticas e os pedidos para desistir da corrida por um segundo mandato na Casa Branca. Veja, na linha do tempo abaixo, a série de acontecimentos relevantes do contexto eleitoral que antecederam a saída do presidente da disputa.
1 - Fracasso no debate
No primeiro debate presidencial, no dia 27 de junho, o presidente demonstrou dificuldades para se expressar e parecia confuso e cansado. Saiu vitorioso do debate o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A noite foi marcada pela fragilidade de Biden, que demonstrou nervosismo nas respostas e chegou a se perder no raciocínio em momentos da discussão.
Com o mau desempenho do candidato, começou a aumentar a tensão dentro do Partido Democrata. Embora a idade avançada do candidato tenha aparecido como um fator de preocupação entre os eleitores desde as primeiras pesquisas eleitorais, dúvidas sobre sua capacidade de governar explodiram após esse evento.
2 - Confusão em discurso na Otan
Em discurso ao final da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no último dia 11 de julho, em Washington, o presidente americano teve mais momentos de confusão mental, agravando as tensões. Ele apresentou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que estava ao seu lado, como o mandatário russo, Vladimir Putin. Ele percebeu o erro imediatamente.
Horas depois, em uma entrevista coletiva que concedeu, Biden se atrapalhou novamente ao referir-se à vice, Kamala Harris, como "vice-presidente Trump", sem perceber o equívoco. Questionado por jornalistas na ocasião, o democrata insistiu que estava apto para seguir na disputa.
3 - Atentado contra Trump
No sábado (13), o ex-presidente Donald Trump sofreu um atentado na Pensilvânia, durante comício eleitoral. Na ocasião, o político estava discursando para apoiadores e teve de ser retirado às pressas após disparos. Uma bala perfurou a parte superior da orelha direita do republicano. Duas pessoas morreram durante o atentado – um espectador do comício e o próprio atirador.
O ataque a Trump ocorre em um momento de fragilidade do oponente democrata. Esse cenário é agravado com a cena do candidato republicano demonstrando força após o ataque, com o punho erguido. Do ponto de vista da narrativa política, pode ter contribuído para enfraquecer a imagem de Biden.
4 - Isolamento no partido
Ao longo das últimas semanas, diversos membros do Partido Democrata pediram o afastamento de Biden da corrida eleitoral. Quase dois terços dos partidários manifestaram esse desejo, de acordo com uma recente pesquisa da Associated Press e do Centro de Pesquisa NORC. Entre eles, alguns nomes de peso, como a deputada Nancy Pelosi e o ex-presidente Barack Obama.
Nos últimos dias, Obama disse a aliados que o caminho de Joe Biden para a vitória estava cada vez mais inviável e que o presidente precisava reconsiderar a viabilidade de sua candidatura, segundo fontes ouvidas pelo jornal Washington Post. Outros líderes democratas vinham expressando publicamente sua preocupação com a permanência do atual presidente na disputa.