O Ministério Público venezuelano anunciou, nesta segunda-feira (5), que abriu uma investigação penal contra os opositores Edmundo González Urrutia e María Corina Machado após um comunicado em que estes pediam aos militares "se colocarem ao lado do povo", em referência às denúncias de fraude na reeleição do presidente Nicolás Maduro.
"À margem da Constituição e da lei, falsamente anunciam um vencedor das eleições presidenciais diferente do proclamado pelo Conselho Nacional Eleitoral", diz um comunicado do Ministério Público sobre o documento, que González assina como "presidente eleito".
Eles são acusados, entre outros crimes, de usurpação de funções, incitação à desobediência das leis, incitação à insurreição e conspiração.
Mais cedo, em uma carta publicada nas redes sociais, González e Machado fizeram um apelo à "consciência" de militares e policiais, pedindo para que cessem a "repressão" às manifestações opositoras que deixaram pelo menos 11 civis mortos, segundo organizações de direitos humanos.
Há mais de 2 mil detidos, de acordo com Maduro, que sustenta que uma tentativa de "golpe de Estado" está em curso.
"O alto comando se alinha com Maduro e seus interesses vis, enquanto vocês estão representados por esse povo que saiu para votar (...), cuja vontade foi expressa em 28 de julho e vocês sabem", aponta o documento de González e Machado, dirigindo-se às forças de segurança do Estado.
Maduro foi ratificado na sexta-feira (2), pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) como presidente reeleito com 52% dos votos contra 43% de González, que concorreu como representante de Machado, que havia vencido as primárias da oposição, mas foi vetada por uma inabilitação política.
A oposição sustenta que seu candidato obteve 67% dos votos, segundo atas de votação que publicou em uma página na internet. O governo chavista não reconhece a validade desses documentos.
"O novo governo da República, eleito democraticamente pelo povo venezuelano, oferece garantias àqueles que cumprirem com seu dever constitucional. Além disso, destaca que não haverá impunidade", manifestaram González e Machado em sua carta.