Neste sábado (3), a Venezuela enfrenta um dia crucial de manifestações contra a reeleição de Nicolás Maduro. A líder da oposição, María Corina Machado, convocou um protesto em uma das grandes avenidas de Caracas, capital do país. No entanto, o fantasma da repressão de 2017, que deixou cerca de 100 mortos já durante o governo Maduro, gera medo de sair às ruas.
O líder chavista, por outro lado, vem aumentando as ameaças contra a oposição. Disse que havia planos para uma violenta "emboscada" durante a manifestação convocada em Caracas. Denunciou que "criminosos" vinculados à oposição planejam "um atentado" próximo ao local será realizado o protesto dos opositores. Maduro também convocou para este sábado o que chamou de "a mãe de todas as marchas para celebrar a vitória".
Maduro foi declarado vencedor das eleições do último domingo (28), em meio a denúncias de fraude feitas pela oposição e contestações de entidades e de governos de outros países. As atas de votação que confirmam a eleição de Maduro, requisitadas em nota conjunta de Brasil, Chile e México, ainda não foram apresentadas.
— Foram múltiplos os chamados e gritos de fraude por parte desse setor da direita, radical, criminosa e violenta da Venezuela. Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, apenas querem manter o show da farsa — disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros.
As autoridades eleitorais declararam Maduro reeleito com 51,21%. A oposição afirmou ter provas de fraude e apresentou um site no qual publicou cópias de 84% das atas de votação em seu poder. O chavismo afirma que os documentos são forjados. Segundo a oposição, González recebeu 67% dos votos. Argentina, Uruguai e Estados Unidos também defendem vitória de González Urrutia.
Ao menos 11 civis e um militar morreram em protestos após a votação e mais de 1,2 mil pessoas foram detidas durante manifestações em todo o país nos dias seguintes à eleição.
A oposição, que denuncia uma "repressão brutal", anunciou um balanço de 20 mortos e 11 desparecimentos forçados. Na sexta-feira (2), também denunciou uma ação de vandalismo contra sua sede em Caracas.
Quais países reconhecem a vitória da oposição na Venezuela
O Peru foi o primeiro país latino-americano a reconhecer a vitória de Edmundo González Urrutia, logo na terça-feira (30), quando alguns governos denunciavam uma fraude eleitoral. Na sexta, depois de pedidos reiterados de transparência, Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá também reconheceram a vitória da oposição.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que existe "evidência esmagadora" que certifica González Urrutia como o vencedor das eleições.
Maduro, por sua vez, agradeceu os esforços dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, Colômbia, Gustavo Petro, e México, Andrés Manuel López Obrador, a favor de um acordo político na Venezuela.
— Estão trabalhando em conjunto para que a Venezuela seja respeitada, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo.
Maduro acusa a oposição de promover atos de violência e um "golpe de Estado" com o apoio de Washington. Na quarta-feira (31), afirmou que Corina Machado e González Urrutia deveriam "estar atrás das grades". Entre os países que reconhecem a vitória de Maduro estão Nicarágua, Rússia e Irã.