Com a indicação presidencial republicana agora concentrada em duas pessoas, as pesquisas que antecedem as primárias da noite desta terça-feira (23) em New Hampshire apontam para uma ampla vantagem de Donald Trump sobre Nikki Haley, a única adversária que ainda pode desafiá-lo após o governador da Flórida, Ron DeSantis, se retirar da corrida.
Se confirmadas as previsões, Trump estará mais perto de concorrer pela terceira vez à Casa Branca, ainda que enfrente uma série de problemas na Justiça criminal e contestações legais à sua candidatura.
Trump mantém uma clara liderança entre os eleitores do Estado. Segundo a média do agregador de pesquisas FiveThirtyEight, o ex-presidente tem 50,8% das intenções de voto, enquanto a ex-governadora da Carolina do Sul aparece com 36,6%. Para ela, New Hampshire é tudo ou nada.
O Estado tem tradição política mais moderada e uma particularidade na legislação eleitoral que permite a participação de independentes nas primárias, público sobre o qual ela tem vantagem. Haley, ex-embaixadora dos EUA na ONU, tenta atrair o eleitor receoso com a volta de Trump ao poder.
A votação desta terça-feira pode ser sua melhor oportunidade e uma eventual derrota tem potencial para abalar a campanha. O cenário, segundo o professor do departamento de ciência política do Berea College Carlos Gustavo Poggio, é decisivo para ela.
— Esse é o primeiro (e um dos poucos Estados) em que ela tem alguma chance de ir bem — diz Poggio.
Haley, que em um momento chegou a reduzir a distância com relação a Trump para um dígito em New Hampshire, busca com a votação desta terça um impulso antes da primária em seu Estado, onde já foi governadora, em 24 de fevereiro.
Na tentativa de mostrar a rival isolada, Trump angariou o apoio dos republicanos que representam a Carolina do Sul no Congresso. Os dois senadores e cinco dos seis deputados o escolheram em vez dela. O atual governador do Estado, o republicano Henry McMaster, também.
Para Poggio, a desistência de DeSantis surpreende por ter ocorrido tão cedo. Ele disputou apenas a primeira das prévias, em Iowa, o que pode indicar a pressão dos financiadores de campanha após a vitória expressiva de Trump naquele Estado. Para a imprensa americana, o mesmo pode ocorrer com Haley, terceira colocada em Iowa.
Embora o ex-presidente tenha, em média, 50% dos votos em New Hampshire, algumas sondagens dão a ele vantagem ainda maior, na casa dos 60%.
— Se isso acontecer (tamanha vantagem do ex-presidente), me parece que vamos ter o fim desse processo de primárias muito antes do esperado — diz o professor.