Segundo publicado no jornal The New York Times (NYT), autoridades israelenses sabiam do plano do grupo terrorista Hamas para o ataque ocorrido em outubro mais de um ano antes de ele acontecer. Conforme reportagem do jornal americano, autoridades militares e de inteligência israelenses tiveram acesso a documentos e-mails com detalhes da estratégia de ataque do Hamas.
Ainda de acordo com o The New York Times, as autoridades israelenses descartaram o plano por considerá-lo muito ambicioso e difícil para que o grupo terrorista o colocasse em prática.
A reportagem aponta que o documento projetava, ponto a ponto, exatamente o tipo de invasão. O material, diz o jornal, foi codificado pelas autoridades israelenses como "Muralha de Jericó".
Ainda conforme publicado pelo jornal, o documento não estabelecia uma data para o ataque, mas descrevia uma ação detalhada para sobrecarregar as defesas ao redor da Faixa de Gaza, tomar cidades israelenses e invadir bases militares.
No material, o Hamas previu, para o início da ofensiva, uma série de ataques com foguetes e drones, para desativar as câmeras de segurança e metralhadoras automáticas ao longo da fronteira, e soldados para entrar no território israelense a pé, de motocicletas e carros.
O plano também incluía detalhes sobre a localização e o tamanho das forças militares israelenses. Segundo o The New York Times, o documento circulou amplamente entre líderes militares e de inteligência israelenses, mas especialistas determinaram que um ataque dessa magnitude estava além das capacidades do Hamas. Não está claro se o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ou outros líderes do alto escalão de Israel sabiam do documento.
Pela reportagem, pouco depois de obter o documento, autoridades da divisão de Gaza do exército israelense, responsável pela defesa da fronteira com Gaza, disseram que as intenções do Hamas eram incertas.
Três meses antes do ataque do Hamas, uma analista veterana da agência de inteligência de sinais de Israel, alertou que o grupo terrorista havia realizado um intenso exercício de treinamento de um dia que parecia semelhante ao que estava descrito no plano.
Um coronel da divisão de Gaza ignorou, porém, suas preocupações, segundo e-mails criptografados vistos pelo New York Times.
Segundo o NYT, autoridades admitem reservadamente que, se o exército israelense tivesse levado os avisos em consideração e redirecionado reforços para o sul, onde o ataque ocorreu, Israel poderia ter neutralizado a ofensiva ou até mesmo a evitado.