Os países produtores de petróleo da Opep+ renovaram nesta quinta-feira (30) seu compromisso de aumentar a produção durante o verão do hemisfério norte. No entanto, os esforços não são suficientes para compensar a escassez e nem para conter o preço devido ao embargo acordado entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) ao combustível da Rússia.
Desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, o preço do Brent, referência do petróleo bruto na Europa, aumentou mais de 16%. Seu equivalente americano, o WTI, subiu mais de 17%. Nesta quinta-feira, por volta das 12h40 GMT (9h40 em Brasília), o Brent atingiu US$ 115,63 por barril e o WTI atingiu US$ 109,27, preços ainda muito elevados.
Diante do aumento dos preços, a França novamente pediu aos exportadores que aumentem seus volumes "excepcionalmente". O assunto também estará na agenda da viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, à Arábia Saudita, em meados de julho.
— É um teatro político, a viagem não vai terminar com um aumento significativo acima do que já foi acordado — diz Edward Moya, analista da Oanda. Mesmo que a aliança decidisse ceder, não teria capacidade, acrescenta o especialista.
Até agora e desde 2021, o grupo se limitou a aumentar moderadamente suas cotas de produção para retornar gradualmente aos níveis pré-pandemia. Os representantes dos 23 países concordaram que a produção de agosto será ajustada para cima em 648 mil barris por dia, como em julho, em comparação com os 432 mil barris estabelecidos nos meses anteriores, anunciou a aliança em comunicado. O cartel dos países petrolíferos segue assim o objetivo acordado em junho de aumentar o fornecimento diário.
Muitos países da Opep+ "estão sujeitos a sanções internacionais ou sofrem com problemas de produção", lembra. Portanto, as cotas estabelecidas raramente são alcançadas.
Rússia, Irã e Venezuela
Na mira dos Estados Unidos e da UE desde a invasão da Ucrânia, a Rússia se juntou aos países que sofreram sanções, como Irã e Venezuela.
A Líbia, que também é membro da aliança, vive uma grave crise política entre governos opositores, que afeta a produção de petróleo, sua principal fonte de renda.
Outros países como Nigéria, Congo e Guiné Equatorial também não cumpriram suas metas em função da falta de investimentos no setor durante a pandemia.
Mas países-modelo como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita também estão lutando para aumentar os volumes de produção, disse o presidente francês Emmanuel Macron nesta semana.
— Se isso for verdade, significa que a produção de petróleo da OPEP + em julho e agosto não aumentará ainda mais, apesar do recente acordo — diz Stephen Brennock, da PVM Energy.
— Os problemas de abastecimento continuarão sendo a principal dificuldade atual do petróleo e os preços vão subir ainda mais — alerta Ipek Ozkardeskaya, analista do Swissquote Bank. A menos que o medo de uma recessão faça com que os preços caiam.