As repúblicas separatistas pró-Rússia de Donetsk e Luhansk, cuja independência Moscou reconheceu na segunda-feira (21), estão localizadas na área de mineração russófona de Donbass (leste da Ucrânia) e estão fora do controle de Kiev desde 2014. A guerra entre os separatistas e as autoridades de Kiev deixou mais de 14 mil mortos.
Donetsk (anteriormente conhecida como Stalino) é a principal cidade da área de mineração de Donbass, assim como um dos principais centros metalúrgicos da Ucrânia. Tem uma população de 2 milhões de habitantes.
Luhansk (anteriormente Voroshilovgrad), uma cidade industrial, tem 1,5 milhão de habitantes.
A bacia de Donbass, que faz fronteira com a Rússia na costa norte do Mar Negro, possui enormes reservas de carvão.
A presença de falantes de russo na região está relacionada ao grande número de trabalhadores russos enviados para lá após a Segunda Guerra Mundial, durante o período soviético.
Conflito desde 2014
O conflito entre as forças ucranianas e os separatistas de Donetsk e Luhansk eclodiu há oito anos, após a anexação da península da Crimeia pela Rússia. A sua independência, proclamada em referendo, não é reconhecida pela comunidade internacional.
A Ucrânia e os países ocidentais acusam a Rússia de apoiar os separatistas militar e financeiramente. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na segunda-feira que reconhecia sua independência.
Donbass também está no centro de uma batalha cultural entre Kiev e Moscou, que argumenta que a região, juntamente com grande parte do leste da Ucrânia, é povoada por russófonos que devem ser protegidos do nacionalismo ucraniano.
Acordos de Minsk
A resolução do conflito, prevista nos acordos de Minsk de 2015, está em ponto morto, já que o governo ucraniano e os separatistas se acusam mutuamente de não respeitá-los. Embora várias tréguas tenham sido estabelecidas, elas se tornaram obsoletas por repetidas violações pelas partes em conflito.
A parte política dos acordos, que prevê ampla autonomia para as regiões rebeldes e a realização de eleições locais sob a lei ucraniana, permanece ignorada, com as partes em conflito culpando-se mutuamente pelo fracasso.
O reconhecimento de Moscou da independência das regiões separatistas é "uma violação flagrante da soberania ucraniana" e um "repúdio" aos acordos de Minsk, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Denis Pushilin, eleito em 2018 em uma votação denunciada por Kiev, lidera a autoproclamada República Popular de Donetsk (DNR). Leonid Pasechnik lidera a autoproclamada República de Luhansk (LNR).
Muitos senhores da guerra e líderes separatistas foram mortos nos últimos anos em ataques, vítimas de combates internos ou operações dos serviços especiais ucranianos, segundo relatos não verificáveis.
O caso mais proeminente é o do ex-homem forte de Donetsk, Alexander Zakharchenko, que foi morto em uma explosão em 2018.