O Kremlin publicou decretos, nesta segunda-feira (21), ordenando o envio de tropas para realizar "funções de manutenção da paz" nos territórios de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. De acordo com dois decretos assinados pelo líder russo, os militares irão atuar até a assinatura de acordos de Amizade, Cooperação e Ajuda Mútua das províncias com Moscou.
Os decretos foram publicados logo depois da declaração do presidente russo, Vladimir Putin, no qual reconheceu a independência das cidades separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia.
Ainda não há clareza se as tropas russas permaneceriam apenas no território controlado pelas repúblicas separatistas ou se tentariam capturar o restante das duas regiões ucranianas cujo território reivindicam.
O movimento, no entanto, pode ser usado para justificar um ataque russo nessas áreas. Mais cedo, os líderes das duas regiões haviam pedido a Putin reconhecimento e assistência militar, o que pode abrir brechas para uma intervenção militar "legal".
Mais cedo, a decisão de Putin de reconhecer a independências das províncias separatistas provocou reação negativa em países europeus, nos Estados Unidos e nas Nações Unidas.
Em um discurso na TV, o presidente russo fez críticas ao governo ucraniano e apresentou uma longa recuperação histórica para afirmar que as terras do leste da Ucrania são russas.
— A Ucrânia é parte da nossa história — afirmou.
Putin disse que a situação na região de Donbass, onde ficam localizadas as duas cidades que tiveram sua independência reconhecida por Moscou, está ficando "novamente crítica", e acusou Kiev de bombardear civis locais em retaliação à demanda de grupos separatistas.
O reconhecimento se refere à independência das autoproclamadas "repúblicas" de Donetsk e Lugansk, dois territórios pró-Rússia do Donbass ucraniano, uma bacia mineral e industrial fronteiriça com a Rússia. Na semana passada, o parlamento russo aprovou uma resolução para que Putin reconhecesse a independência dessa região.
A Rússia está mobilizando há duas semanas dezenas de milhares de soldados nas fronteiras com a Ucrânia que, segundo os países ocidentais, estão prontos para invadir o país vizinho.