O julgamento do policial branco acusado de matar George Floyd entra na fase decisiva nesta segunda-feira (29) em Minneapolis, quase um ano depois da morte do afro-americano, que provocou uma onda histórica de protestos contra o racismo nos Estados Unidos e em todo o mundo.
Derek Chauvin, 45 anos, 19 deles no Departamento de Polícia de Minneapolis, é acusado de assassinato e homicídio culposo.
Em 25 de maio de 2020, Chauvin pressionou o joelho durante quase nove minutos no pescoço de Floyd, que estava imobilizado no chão e algemado.
O calvário de Floyd foi filmado e publicado na internet por um pessoa que passava pelo local. As imagens rodaram o mundo e levaram multidões às ruas de Nova York, Seattle, Paris ou Sydney para denunciar o racismo e a violência policial contra as minorias.
— Como alguém pode assistir este vídeo e dizer que Derek Chauvin não cometeu um ato criminoso que terminou na morte de George Floyd? — questionou no domingo (28) à imprensa Ben Crump, advogado da família Floyd, que denunciou uma "execução cometida a plena luz do dia".
Um famoso advogado afro-americano da grande cidade do norte dos Estados Unidos, Jerry Blackwell, falará em nome da família em um edifício público adaptado para o processo excepcional que deve durar três ou quatro semanas. As autoridades pediram calma e manifestações "pacíficas" diante do tribunal.
Os promotores pretendem demonstrar que Derek Chauvin, que comparecerá em liberdade, mostrou desprezo pela vida de George Floyd ao manter a ação, apesar do afro-americano ter afirmado 20 vezes "eu não consigo respirar", antes de desmaiar.
Eric Nelson, advogado de Chauvin, tentará provar que o policial, que se declara inocente, seguiu os procedimentos autorizados para controlar um suspeito e que não é responsável pela morte de Floyd.
Reformas profundas
Floyd, que tinha 46 anos e sofria de problemas de saúde, teria falecido, de acordo com Nelson, por uma overdose de fentanil, um potente opiáceo do qual foram encontrados vestígios em seu corpo na necropsia.
— O que matou George Floyd foi uma overdose de força excessiva — respondeu Ben Crump no domingo.
Em consequência da pandemia, o julgamento acontecerá sem a presença do público, mas as audiências serão transmitidas ao vivo e muitos americanos devem acompanhar o processo. O veredicto é aguardado para o fim de abril ou início de maio.
Os 12 jurados precisam tomar uma decisão por unanimidade. Em caso contrário, o julgamento será considerado nulo. Este cenário, ou uma absolvição, podem provocar novos distúrbios em Minneapolis.
— Oramos para que se faça justiça por George Floyd, que se responsabilize penalmente Derek Chauvin e que isto estabeleça um novo precedente nos Estados Unidos — disse Ben Crump.
Os julgamentos de policiais por atos de violência cometidos no desempenho das funções são muito raros nos Estados Unidos, e as condenações ainda mais.
A prefeitura de Minneapolis, que decidiu aprovar uma reforma profunda da polícia, concordou há algumas semanas em pagar US$ 27 milhões por danos e prejuízos à família Floyd para encerrar o processo civil.
— Tenho um grande vazio em meu coração, não pode ser preenchido, não pode ser preenchido com nenhuma quantidade de dinheiro. Queremos uma condenação — afirmou no domingo Philonise, irmão de George Floyd.
O advogado de Chauvin criticou o acordo, que segundo ele poderia influenciar membros do júri.
Também devido à covid, os outros três policiais envolvidos na tragédia, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, serão julgados em agosto por "cumplicidade no assassinato".