A família de George Floyd, um americano negro que morreu após uma violenta prisão em Minneapolis, exigiu nesta quarta-feira (27) que os policiais envolvidos no caso sejam acusados de homicídio. A morte de Floyd, que tinha 46 anos, gerou indignação e protestos nos Estados Unidos. O clima de revolta tomou conta da cidade de Minnesota, onde manifestantes se reuniram no local da prisão para exigir "justiça" pelo segundo dia consecutivo.
— Precisamos continuar lutando pela justiça — disse Will Wallace, um dos manifestantes.
Na noite de terça-feira (26), os protestos aumentaram e os manifestantes quebraram as janelas de uma delegacia. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Quatro policiais envolvidos na prisão foram demitidos na terça-feira e a polícia federal abriu uma investigação sobre o caso.
— Quero que esses policiais sejam acusados de assassinato, porque foi exatamente isso que eles cometeram assassinato contra meu irmão — disse à NBC Bridgett Floyd, irmã de George Floyd.
— Eu tenho fé e acredito que a justiça será feita.
Floyd morreu na noite de segunda-feira (25) após ficar deitado de bruços por pelo menos 10 minutos, enquanto um policial pressionava seu pescoço com o joelho.
— Não consigo respirar — implorou o homem, segundo o áudio de um vídeo que viralizou.
O policial, um homem branco, diz para ele ficar calmo. Um segundo policial mantém os pedestres à distância enquanto Floyd não se mexe e parece inconsciente. Um novo vídeo pode descartar as alegações da polícia de que o homem, suspeito de tentar passar uma nota falsa de 20 dólares, resistiu à prisão.
Em imagens feitas pelas câmeras de um restaurante localizado em frente ao local da prisão, ele aparece com algemas nas costas sem oferecer resistência à polícia.
— Não podemos ter dois sistemas legais, um para negros e outro para brancos —disse o advogado da família, Benjamin Crump à NBC.
O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, também questionou nesta quarta-feira "por que o homem que matou George Floyd não está na prisão".
— Se você ou eu tivéssemos feito isso, estaríamos atrás das grades — afirmou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se referiu ao caso como "um evento muito, muito triste" e disse que veria se a polícia deveria ser processada. Mais enfaticamente, a senadora negra Kamala Harris, ex-promotora da Califórnia e ex-presidente do Partido Democrata, denunciou "um ato de tortura" e "execução pública" em uma sociedade marcada pelo racismo.
"Vidas negras importam"
Muitas personalidades do mundo da política, da mídia e do esporte denunciaram a violência injustificada da polícia contra os negros.
— É um lembrete trágico de que este não é um incidente isolado, é parte de um ciclo de injustiça sistemática que ainda persiste em nosso país — disse o ex-vice-presidente e candidato democrata à Presidência Joe Biden.
Biden comparou esse caso à morte de Eric Garner, também negro, em Nova York em 2014, após ser sufocado quando foi detido por policiais brancos por suspeita de vender cigarros contrabandeados. O caso de Garner contribuiu para a ascensão do movimento de protesto "Black lives Matter" (em português "Vidas negras importam").
Ao longo dos anos, outras mortes de negros americanos por policiais brancos causaram protestos em várias partes do país. O mundo do esporte também se uniu aos protestos contra a violência policial contra a comunidade afro-americana. Um exemplo disso foi a ação de vários jogadores profissionais, como Colin Kaepernick, que se recusou a se levantar enquanto o hino dos Estados Unidos tocava em sinal protesto contra o racismo quando atuava na National Football League (NFL).
O astro da NBA (liga americana de basquete) LeBron James postou no Instagram a imagem do policial com o joelho no pescoço de um Flody algemado, juntamente com outra fotografia de Kaepernick, ajoelhado durante a execução do hino antes de um jogo.
O jogador do Los Angeles Lakers escreveu:
"Você entende agora ou ainda é confuso para você?"