A segunda-feira (14) foi marcada pela votação dos delegados do Colégio Eleitoral nos Estados Unidos, que confirmaram oficialmente o candidato democrata Joe Biden como presidente eleito dos Estados Unidos. O ex-vice-presidente, que foi senador pelo Estado de Delaware entre 1973 e 2009, tomará posse como chefe de Estado norte-americano em 20 de janeiro.
A votação no Colégio Eleitoral ocorreu 37 dias depois de a apuração ter confirmado a vitória de Biden, com a projeção dos delegados a partir do voto popular. A eleição nos Estados Unidos é indireta: o voto popular dos 50 Estados e do Distrito de Columbia decide os 538 delegados que vão votar no Colégio Eleitoral. Biden tem o voto de 306 delegados contra 232 de Donald Trump — são necessários 270 para um presidente se eleger.
A ratificação da eleição demorou mais do que o esperado devido a uma série de ações judiciais da campanha de Donald Trump contestando os resultados da apuração, sob alegações de fraude. A equipe jurídica republicana, entretanto, foi incapaz de comprovar as acusações. Na semana passada, a Suprema Corte norte-americana derrubou uma ação do Estado do Texas contra a União, que foi o último obstáculo vencido para a confirmação do resultado.
O perfil do eleito
Não é comum que os perfis dos dois candidatos à presidência dos Estados Unidos sejam tão diferentes, mas, na disputa de 2020, a personalidade amigável de Biden, com sua origem modesta, opôs-se à personalidade exultante de Trump — um empresário que nasceu em um círculo de privilégios, mas que insiste em se autointitular o candidato "outsider".
Biden entrou para a política nacional aos 29 anos, quando conseguiu uma surpreendente eleição como senador por Delaware em 1972. Mas apenas um mês depois uma tragédia abalou sua vida, quando a primeira esposa, Neilia Hunter, e a filha de um ano morreram em um acidente de carro quando saíram para comprar uma árvore de Natal.
Outros dois filhos ficaram gravemente feridos, mas sobreviveram ao acidente. O mais velho, Beau, morreu vítima de câncer em 2015. As tragédias ajudaram a cimentar a empatia da opinião pública americana em relação a Biden.
Suas habilidades são polivalentes. Da mesma forma que sorri em um auditório lotado de estudantes universitários, Biden é capaz de conectar-se com operários de áreas em crise econômica ou expressar duras críticas aos rivais.
Ele não tem a mesma força dos oito anos em que foi vice-presidente de Barack Obama e, apesar de conservar o sorriso de comercial, seus passos são mais lentos. Os críticos e os próprios democratas questionaram durante a campanha se a sua propensão a gafes seria um destaque durante a campanha contra Trump.
Quando foi eleito pela primeira vez, era um dos senadores mais jovens no Capitólio, onde passou décadas antes de ser o vice-presidente de Obama. A mensagem de Biden se articula em grande medida em associação com seu estilo moderado durante o último governo democrata, mas durante a campanha prometeu que como presidente adotará posturas mais progressistas nas áreas da mudança climática, justiça racial e alívio da dívida estudantil.