O papa Francisco pediu neste domingo (5), ante uma Basílica de São Pedro vazia, coragem para enfrentar a pandemia de coronavírus, que já causou a morte de mais de 65 mil pessoas, enquanto uma luz de esperança surge na Espanha.
O chamado do sumo pontífice durante a missa do Domingo de Ramos foi feito depois que o presidente Donald Trump pediu aos americanos que se preparem para uma "semana horrível", e antes de um discurso incomum da rainha Elizabeth II, que pedirá hoje que os britânicos assumam, juntos, o "desafio" da pandemia.
— Olhem para os verdadeiros heróis que vêm à tona nestes dias. Não são os que têm fama, dinheiro e sucesso, e sim os que se entregam para servir aos demais — disse Francisco em uma basílica vazia, salvo por um punhado de religiosos, cada um sentado em um dos bancos.
— O drama que estamos passando obriga-nos a levar a sério o que conta, a não nos perdermos em coisas insignificantes, porque a vida é medida a partir do amor. Em casa, nesses dias sagrados, vamos apresentar-nos diante de Jesus crucificado, que é a medida do amor que Deus tem por nós — disse Francisco.
Apenas um pequeno grupo de religiosos acompanhou o Papa, que respeitava a distância de segurança em todos os momentos, e a liturgia foi realizada no altar da cadeira, na Basílica de São Pedro.
Será uma Páscoa diferente, em que Francisco celebrará sem os fiéis. Aqueles que quiserem participar terão de fazê-lo de casa, por meio da comunicação social ou das redes sociais.
Na homilia, o Papa pediu às pessoas que evitem sentir-se solitárias e se apeguem à fé nesses tempos difíceis.
— Quando nos sentimos entre uma rocha e um lugar difícil, quando nos encontramos num impasse, sem luz e sem escapatória, quando parece que nem mesmo Deus responde, lembremos que não estamos sozinhos — afirmou.
Os números da covid-19 não param de crescer. Até este domingo, havia mais de 1,2 milhão de infectados, em 190 países, e 65.272 mortos, segundo o último balanço da AFP.
Mais de 47 mil mortos estão na Europa, e Espanha e Itália, os países mais atingidos, registram uma queda na chegada de doentes aos hospitais.
— Começamos a ver uma luz no fim do túnel — disse o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, que prorrogou até 25 de abril o confinamento no país, que já dura três semanas.
Os dados parecem sustentar sua esperança. O país observou neste domingo, pelo terceiro dia consecutivo, o registro diário mais baixo dos últimos 10 dias, com 674 mortos. Até agora, 12.418 pessoas perderam a vida para a covid-19 na Espanha.
A Itália, que detém o recorde mundial de 15.362 mortos, também registrou avanços. No sábado, foram 681 mortos, uma queda de mais de 10%, e os pacientes em UTIs caíram para menos de 4 mil pela primeira vez desde o começo da crise.
— É uma notícia importante, porque permite que nossos hospitais respirem — declarou o chefe da Defesa Civil italiana, Angelo Borrelli.